Apesar de ser considerada essencial para a manutenção do projeto, a verba de R$ 753 mil destinada pelo Ministério do Esporte ao Remar para o Futuro não atenderá uma demanda urgente. Como consequência, os 15 novos integrantes que passarão a participar das atividades em 6 de janeiro vão precisar esperar para praticar a modalidade na água do arroio Pelotas.
Isso porque o recurso federal anunciado na sexta-feira (27) não permite a compra de barcos, remos, equipamentos de musculação e remoergômetros (máquinas de remo indoor), por exemplo. Portanto, os jovens novatos no projeto começarão realizando outras atividades durante período indeterminado, já que os itens citados são essenciais devido ao aumento do número de atletas (dos atuais 17 para 32 a partir do dia 6).
Ainda assim, o montante oriundo do Ministério do Esporte terá papel importante. Servirá para quitar bolsas de estudantes (o Remar para o Futuro é vinculado à UFPel), serviços terceirizados e itens de consumo. Quem garante é o coordenador geral da iniciativa, Fabrício Boscolo.
“A transferência do recurso é essencial para a manutenção do projeto, em especial na remuneração da equipe técnica. No entanto, ela não atende a uma demanda importante, que é a de aquisição de equipamentos para a prática do remo”, afirma Boscolo.
O Ministério do Esporte foi procurado, porém não retornou até a publicação desta matéria. O espaço segue aberto.
Valor dos barcos necessários supera R$ 170 mil
Segundo o coordenador, pelo menos quatro barcos são necessários: dois de iniciação (cerca de R$ 17 mil cada), um da modalidade single skiff (em média R$ 50 mil) e um da modalidade double skiff (cujo preço é de em torno de R$ 88 mil). Só em barcos, portanto, o investimento aproximado para o Remar chegaria a R$ 172 mil.
Cada par de remos vale aproximadamente R$ 8 mil. Também são necessários simuladores para iniciação, quatro pranchas de stand-up (juntos, R$ 6,5 mil cada conjunto) e quatro remoergômetros (aproximadamente R$ 16 mil cada).
Boscolo fez um levantamento detalhado de todos os investimentos necessários neste momento. As demandas vão desde reformas na garagem dos barcos, afetada pela enchente, até a compra de aparelhos de academia, passando por qualificações estruturais.
É necessária, por exemplo, a aquisição de uma nova rampa para permitir o acesso dos barcos à água do arroio Pelotas. A estrutura de madeira também foi muito danificada na cheia de maio na sede do projeto e vale cerca de R$ 80 mil. A rampa, porém, deve ser doada pela Unimed Pelotas, restando somente a confirmação da entrega.
Novo ano
Os 15 atletas selecionados para ingressar no Remar e suas famílias conheceram no dia 21 a estrutura localizada no Centro Português, às margens do arroio Pelotas. Os novatos têm entre 12 e 14 anos e foram selecionados após testes em escolas da cidade. Eles entram na equipe de aspirantes, ainda sem disputar competições.
O projeto pelotense conta com 17 atletas, dos quais 15 estão na categoria júnior, um na sub-19 (João Milgarejo, sobrevivente do acidente) e uma na sub-23 (Brenda Madruga). O número aumentará para 32. Todos os 15 novatos vão ingressar na categoria júnior.
Relembre
Na sexta-feira, o coordenador Fabrício Boscolo publicou a mensagem enviada a ele por um representante do Ministério do Esporte. O texto indicava a impossibilidade de empenho do recurso prometido em outubro ao projeto, após reunião do ministro André Fufuca com o deputado federal Alexandre Lindenmeyer (PT) e a reitora da UFPel Isabela Andrade.
Horas depois, o ministério voltou atrás e anunciou que não haveria cancelamento do repasse, inclusive aumentando o valor dos prometidos R$ 660 mil para R$ 753 mil, com empenho já neste sábado.
Custeio
O Remar para o Futuro também é incentivado pela prefeitura de Pelotas. Em julho foi assinado um aditivo do acordo até 1º de agosto de 2025. O município repassa R$ 136,3 mil anuais, parcelados, ao projeto. O contrato está em nome do coordenador técnico e idealizador Oguener Tissot, uma das vítimas do acidente.
Para o próximo ano, serão encaminhados ao programa pelotense R$ 295 mil oriundos de emendas impositivas aprovadas na Câmara de Vereadores. Recentemente, uma vaquinha online foi criada para arrecadar R$ 500 mil para o projeto. Até a última atualização desta matéria, R$ 3.830,00 foram doados via plataforma.