Concentração de etanol na gasolina deve aumentar de 27% para 30%

Impacto no consumo

Concentração de etanol na gasolina deve aumentar de 27% para 30%

Testes de viabilidade para o aumento de teor do biocombustível serão realizados entre janeiro e fevereiro

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Concentração de etanol na gasolina deve aumentar de 27% para 30%
Aumento deve chegar a 35% até o final de 2025. (Foto: Jô Folha)

Conforme estabelece a lei federal que incentiva a produção e o uso de combustíveis sustentáveis, a concentração de etanol anidro na gasolina deve aumentar dos atuais 27% para 30% a partir de março de 2025. Os testes de viabilidade da nova mistura serão conduzidos pelo Instituto Mauá de Tecnologia (IMT) com as montadoras entre janeiro e fevereiro. Com a elevação do teor do etanol, o consumo de combustível dos veículos também deve aumentar.

A lei do Combustível do Futuro ainda preconiza que, até o final do ano que vem, o teor do biocombustível pode alcançar 35%, se constatada viabilidade técnica nos motores movidos exclusivamente a gasolina. Com isso, segundo o Ministério de Minas e Energia, seriam evitadas emissões de cerca de 55 milhões de toneladas de CO2 até 2037.

Aumento de consumo

Entre os efeitos da mudança na composição da gasolina está o aumento no consumo de combustível pelos veículos. Conforme o engenheiro mecânico, Mário Augusto Guglielmi, isso ocorre porque o etanol tem um poder calorífico menor do que a gasolina normal. Com isso, precisa de mais combustível para desenvolver o mesmo trabalho. “Em algumas situações esse maior consumo pode ser parcialmente compensado pela eletrônica dos veículos”, explica.

O engenheiro estima que, com 30% de etanol, o aumento de consumo deve ficar entre 1% e 2%. Quando passar para 35%, o percentual ficará entre 4% e 5%. “Não vai ser alguma coisa exorbitante”, diz.

Preço da gasolina

Embora o etanol seja mais barato que a gasolina, a perspectiva é que o aumento do teor na mistura não diminuía o preço do combustível. Pois com o crescimento da demanda pelo biocombustível, os valores devem subir. “Então o que vai acontecer na prática é difícil de dizer, deveria baixar o preço, mas eu acho pouco provável que isso venha a acontecer”, diz Guglielmi.

Já o físico e doutor em energia Rafael Haag é enfático em relação às consequências da lei do Combustível do Futuro. “Teoricamente deveria reduzir o preço, mas na realidade não deve mudar. No final, o consumidor irá pagar o mesmo preço por um combustível que terá rendimento menor”, afirma.

Impacto nos veículos

Haag ressalta que haveria fortes críticas à lei diante dos impactos que o índice maior de etanol poderia causar em veículos que não são flex. “Os carros importados que só funcionam com gasolina podem sofrer danos no motor”, diz.

Conforme Mário Augusto Guglielmi, esses carros, que são basicamente importados, podem apresentar algumas desrupturas na parte eletrônica. “Eu não estou dizendo que sim, mas ela pode não estar preparada para gerenciar adequadamente uma quantidade maior de etanol, isso ia acarretar algumas incongruências”.

No óleo diesel

Em relação ao biodiesel, o percentual de mistura no óleo diesel subirá dos atuais 14% para 15% em 1º de março de 2025, conforme já aprovado pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE). Ao longo do ano, devem ser realizados testes com percentuais mais elevados visando atender a elevação da mistura em um ponto percentual entre 2026 e 2030, atingindo 20% no último ano. Caso aprovados os testes, a mistura poderá, ainda, ser elevada a partir de 2031, atingindo até 25%.

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