Um espaço no Clube Comercial de Pelotas será palco de um empreendimento cultural a partir de 2025. O salão térreo da rua Padre Anchieta, conhecido por La Fusión – O Encontro da Arte, abriga beleza e glamour, sendo um dos poucos ambientes que não requer tanta intervenção e, por isso, atraiu o músico Gahuer Carrasco. A primeira etapa é recuperar a área que mantém móveis antigos em madeira e os vitrôs coloridos decoram arcos plenos de janelas e portas. Para isso, o empreendedor diz que está aberto a parcerias.
“Eu tenho com o Clube Comercial uma relação de carinho e admiração desde que eu tinha 15 anos mais ou menos. É um dos lugares que fiz minhas primeiras apresentações. A formatura do meu pai foi aqui. Portanto, uma relação antiga”, revela o músico que já projeta fazer shows ao som do seu violão e receber diversos artistas para o público pelotense. Para encarar o desafio, Gahuer consultou os arquitetos e engenheiros que atuaram no local na ocasião do restauro do telhado prédio. “Eles garantiram que a estrutura está ótima”. E poderá ficar melhor, caso o empreendedor consiga mais aporte através de patrocinadores e apoiadores, pois sua ideia é expandir o negócio recuperando aos poucos toda a edificação do Palacete Braga, construída em 1881.
Intervenções
Ontem se iniciaram algumas intervenções no salão que necessita de acabamento, pintura, parte elétrica, iluminação, hidráulica e muita mão de obra. “Quero deixar o espaço a altura para poder receber as pessoas”, garante. Carrasco destaca que todo o processo com os bombeiros também está em andamento, para segurança e bem-estar.
Referência
O exemplo do Clube Caixeiral, que vem sendo ocupado com várias atividades em seus salões, também serviu de inspiração e referência para o músico que já se apresentou no palco do clube. “Penso que os prédios antigos guardam a nossa história, cultura. Eu sempre tive essa vontade de ajudar o Clube Comercial e deixar apto para que as pessoas possam usufruir deste prédio que, a meu ver, é um dos mais lindos de Pelotas e da nossa região”, comenta.
Proposta
O empreendimento, conforme Gahuer, será um espaço para a cultura e a arte se encontrarem com a música, com o teatro, com o trabalho artesanal através de exposições. “Será um espaço plural para que as pessoas possam se encontrar, desfrutar de uma boa música, e poder se divertir com amigos, com um bom vinho, espumante, um chope bem gelado, e uma culinária uruguaia”, afirma.
O músico lembra que parte do lucro do espaço cultural será revertido em investimento na conservação do prédio. Ele já conversa com alguns empresários, mas não há ajuda concreta. “Sei que é um grande esforço, mas se todos ajudarem, conseguiremos”, considera o empreendedor, que aposta na cultura e na arte como grandes fontes econômicas, alavancando emprego e renda para muitas pessoas em Pelotas.
Palacete Braga
O Palacete Braga leva o nome do seu antigo dono, Felisberto José Gonçalves Braga. A obra arquitetônica é assinada por José Izella Merotti. A parte superior serviu de residência à família e a inferior abrigava a escravaria e as cocheiras. Após um incêndio em 1908, foi restaurado e ampliado por Sebastião Obino, com uma nova ala para a rua Félix da Cunha. Em 1920, a fachada recebeu a marquise de ferro e vidro. Entre 1954 e 1955, Adail Bento Costa foi responsável por uma grande reforma que alterou o pavimento térreo.
Em decadência
Para quem lembra do interior, a escada principal em Y, de mármore de Carrara, mal se destaca pelo estado de abandono. O piso do hall é em cerâmica veneziana e os vitrôs coloridos decoram arcos plenos de janelas e portas. Vários estilos compõem as fachadas do prédio com estilos neoclássico, barroco, renascentista e Art-Nouveau.