Cinco anos após uma revitalização que custou mais de R$ 3,9 milhões aos cofres públicos, o cenário no Calçadão de Pelotas é desolador. Calçamentos soltos, buracos, bancos e lixeiras danificadas, entre outros problemas. A dificuldade de circular no local, que foi pensado justamente para isso, é agravada pela grande quantidade de ambulantes com mercadorias espalhadas pelo chão.
Na semana que antecede o Natal, a movimentação tem sido intensa diariamente no Calçadão. Mesmo assim, o ponto central do comércio da cidade não tem tido a manutenção adequada para recepcionar os pelotenses e pessoas que vêm de cidades menores da região para fazer compras. Apesar da falta de cuidado com o espaço público de parte dos cidadãos, a maior parte dos problemas é de ordem estrutural. Algumas lajotas estão posicionadas nas ruas, mas não foram colocadas a tempo.
Presidente do Sindicato dos Lojistas do Comércio de Pelotas (Sindilojas), Renzo Antonioli aponta defeitos na revitalização, assim como na falta de investimento para tornar o espaço mais atrativo e agradável. “As lajotas são de má qualidade, os canteiros são um amontoado de terra, com umas madeiras estragadas, não tem vegetação. Não dá prazer visual nenhum de trafegar no Centro”.
Histórico
Em 13 de julho, o A Hora do Sul fez reportagem sobre o tema. Na época a prefeitura garantiu que a Secretaria de Obras e Pavimentação (Smop) iria realizar melhorias no espaço. Os mesmos buracos citados na época se mantêm. Procurada no fim da tarde, a prefeitura não retornou. A equipe do prefeito eleito Fernando Marroni (PT) foi procurada para falar sobre um plano para o Calçadão, mas não respondeu. O plano de governo não tem nenhum ponto específico a respeito do tema.
Dificuldade para competir
Vendedora de uma loja de roupas, Carolina Oliveira reclama de intervenções pela metade e resto de material espalhado. “Tudo isso dificulta a passagem do cliente e faz com que ele acabe não vindo no Calçadão porque não quer passar por esse transtorno”.
Carolina também destaca que diante da pouca atratividade para o público dificulta a competição com lojas do shopping. “Por si só já é um pouco mais atrativo, aí aqui é esse ambiente que não tem nada de atração. Além da gente ter a dificuldade de estacionamentos”.
Comércio irregular
Atrelado aos problemas estruturais também há questões sociais. Mesmo com a Lei de 2017 que regulamenta a utilização do espaço público do Calçadão e proíbe a ocupação por ambulantes irregulares, a fiscalização não estaria sendo exercida.
Com isso, o presidente do Sindilojas fala em “concorrência desleal” e bloqueios na circulação dos clientes. “Eles invadiram o Centro, sem nenhuma regra, eles estão liberados a vender seus produtos em qualquer parte do calçadão”.
Outra situação seria a grande quantidade de pessoas em situação de rua que utilizam as marquises de lojas para se estabelecerem e deixarem os pertences. “É quase uma moradia a céu aberto. Eu acredito que o poder público tem o dever de tentar realocar e dar um lugar digno para essas pessoas habitarem, nem que seja temporariamente”, diz.
A vendedora Carolina também reclama das mesmas questões. “Tem bastante morador de rua. A gente sabe que é um problema social, mas a prefeitura poderia ver por ser um espaço de comércio também. E tem muito ambulante”.
Impressão que fica
O casal de Arroio Grande, Maria José Soares e Marco Aurélio Silva, estava em Pelotas para fazer as compras de Natal. Eles comentam que a necessidade de manutenção é uma das primeiras coisas que chamam a atenção no Calçadão. “Só de dar uma rápida olhada se vê que tem muitos reparos para fazer”, diz Silva.
Maria José complementa que sempre que vem em Pelotas passa pelo Calçadão para comprar algo, mas que a circulação tem sido difícil. “Tem um aspecto de ambiente meio caótico assim, o pessoal [ambulantes] vendendo coisas ali no meio é bem complicado”.