Terceira autorização de linha ferroviária no Estado, a via Rio Grande – Bagé foi inaugurada em 1884, juntamente com a antiga Estação Ferroviária de Bagé, as duas primeiras ligavam Porto Alegre a Novo Hamburgo e a Uruguaiana. Quem traz essa lembrança à coluna Memórias é o leitor José Eugênio Perez, o seu Juca do Basílio, como é carinhosamente conhecido em Pedro Osório, onde reside. “A chegada da ferrovia foi um criador de civilizações, muitas nasceram ali (no entorno das estações) por causa das caixas d’água”, fala.
A água, bem como o carvão, era indispensável para a movimentação das locomotivas a vapor, as chamadas Marias Fumaças, apelido surgido por causa da fuligem expelida pelas chaminés. A cada 20 a 25 quilômetros os trens tinham de ser abastecidos, o que promoveu a instalação das caixas d’água.
Locomotiva à vapor precisava de carvão e água para andar (Acervo José Henrique Perez)
Nascido na estação Basílio em Herval, Perez atribui à infância – vendo o movimento dos trens em frente à sua casa – a paixão pelo assunto, que ele pesquisa há anos. Referência para pesquisadores, o ex-servidor da CEEE possui um acervo de mais de quatro mil imagens, entre outros documentos. Sobre a inauguração da linha, o pesquisador comenta que a comemoração em Pelotas foi acanhada, por causa da rivalidade com Rio Grande. “A aristocracia de Pelotas estudava na Europa, andava de vapor e sabia que o trem seria um motivo de engrandecimento da cidade, mas aconteceu que a festa maior foi em Rio Grande”, relembra.
A inauguração da linha RG/Bagé, em 2 de dezembro, foi motivo de festas inaugurais em diferentes estações, como a de Pelotas. A locomotiva que fez a estreia da linha foi o modelo Mogul, norte-americana, que atualmente está em exposição no Museu do Trem em São Leopoldo.
Ao longo da linha foram inauguradas 21 estações de parada. A estação Cerrito foi inaugurada também, onde foi feita uma homenagem ao trem, com uma recepção. Posteriormente a estação de Pedro Osório, chamada Maria Gomes, muito pequena, foi substituída por outra em 1887. “Pelo crescimento da população que começou a se criar em torno da estação, que virou um pólo regional de destaque ao longo dessa ferrovia”, relembra Perez.
Em 1984, celebrando o centenário do evento, a Maria Fumaça fez sua última viagem com comboio de vagões com convidados especiais numa relembrando o trajeto Rio Grande-Bagé, na imagem o vapor chega à Noiva do Mar (Acervo de José Henrique Perez)
Para saber
- A história das ferrovias no Brasil teve início em 1854, quando Dom Pedro II inaugurou a Estrada de Ferro Petrópolis, no Rio de Janeiro.
- Autorizada a construção e exploração pelo Decreto 5565 de 4 de março de 1874, mais tarde a concessão foi transferida pelo Decreto 8346 de 24 de dezembro de 1881 à Compagnie Imperiale du Chemin de Fer. Em 1883 pelo Decreto 8887 de 17 de fevereiro, foi autorizada a fusão desta Companhia com a Southern Brasilian Rio Grande do Sul Company.
- A locomotiva a vapor começou a ser substituída a partir de 1957, por modelos diesel hidráulica.
- Em 1984 o centenário da linha foi festejado com eventos nas estações de Rio Grande e Bagé.
Há 50 anos
João Carlos Gastal é o novo presidente da Assembleia Legislativa
Durante seminário, realizado pelo Movimento Democrático Brasileiro (MDB) foi anunciado que o deputado pelotense João Carlos Gastal (1915-1986), iria presidir a mesa diretora da Assembleia Legislativa no biênio 1975/76. Majoritária na legislatura que começaria em 75, a representação oposicionista projetou em dezembro formar uma mesa unipartidária.
Gastal, recém reeleito, teve como primeiro vice-presidente, Carlos Giacomazzi, de Erechim. Gastal iniciou sua carreira política participando da fundação do PTB em Pelotas, partido pelo qual se elegeu vereador em 1951 e prefeito em 1959. Com o bipartidarismo (Arena e MDB). filiou-se ao MDB e concorreu novamente à prefeitura de Pelotas em 1968, não se elegendo. Em 1978, concorreu a deputado federal, mas não se elegeu.
Fonte: Diário Popular/Acervo Bibliotheca Pública Pelotense
Há 100 anos
Pescador encontra peixe exótico no Arroio Pelotas
O pescador Dinarte Souza relatou à imprensa que apanhou, no Arroio Pelotas, um peixe com cerca de 1,45 metro e que pesava 45 quilos. Mas o que mais chamou a atenção era o formato do pescado que tinha um alongamento frontal que se assemelhava a um espadarte.
Fonte: Diário Popular/Acervo Bibliotheca Pública Pelotense
