No ano em que a personagem faz 60 anos, Mafalda chega para ficar em Pelotas. O projeto que teve início na Universidade Federal de Pelotas (UFPel) se concretiza às 18h desta quarta-feira (18), na Praça Coronel Pedro Osório, com a inauguração das esculturas da personagem argentina e do pelotense Betinho, que passam a fazer parte da paisagem a partir de então. O evento também faz parte das comemorações dos 40 anos do Centro de Letras e Comunicação da UFPel (CLC/UFPel) e do aniversário da personagem.
Essa história começa com a professora e pesquisadora Luciane Martins, que levou o projeto até a prefeitura em fevereiro deste ano. Com o aval do poder público e o andamento da busca por parceiros da iniciativa privada para concretizar a escultura, o artista Pablo Irrgang, único autorizado a realizar as esculturas da personagem do cartunista argentino Joaquín Salvador Lavado, o Quino, começou a colocar em prática as esculturas. “A Mafalda aqui em Pelotas é a primeira escultura em espaço público no Brasil. E ela também se uniu ao Betinho, que é um personagem local, para trabalhar toda essa questão da formação de leitores e da cultura. Resgatar então essa nossa tradição cultural Argentina-Brasil”, diz Luciane.
Irrgang começou a produzir as esculturas em 2009. Em sua oficina, ele e Quino trabalharam juntos na primeira e, desde então, já são 11 Mafaldas espalhadas pelo mundo. A número 12 fará residência em Pelotas. “Sempre acontece algo muito bonito nesses encontros e também é muito especial com o Betinho, filho do André, que também é um personagem muito querido no local”, relata o artista. “Não é fácil ter esculturas que despertam sorrisos em todo o mundo, por isso é um encanto fazê-las”.
Mafalda e Betinho
Como um bom pelotense, o personagem de André Macedo, Betinho, recebe e acompanha Mafalda na praça. A ideia de unir os dois surgiu na mesa da prefeitura. “A ideia é fazer uma interlocução entre dois personagens, um sendo homenageado de fora, da Argentina, e um local, pensando nessa valorização da cultura local. Esses dois personagens infantis têm esse caráter filosófico de pensar o mundo de outra forma, de abrir para outras possibilidades, de fazer tantas perguntas”, diz Luciane.
André coloca esse momento como uma sensação “meio que de eternidade”. Em uma época do trabalho, ele recebeu críticas do público por trocas nas personalidades dos personagens. “Eu percebi que os personagens não eram mais meus, eu não podia mudar. Então é isso, acho que ele virou agora da população, fisicamente, materialmente, se consolidou essa sensação que eu tinha. E para mim, fico muito feliz de ver isso acontecendo, e grato também”, conclui o cartunista.