Em um ano que ficará na história devido a maior tragédia climática da história do país, a função do jornalismo em meio a crise foi o tema central do último Tá na Mesa de 2024, promovido pela Federação das Entidades Empresariais do RS (Federasul).
O evento ocorreu nesta quarta-feira (11), no Palácio do Comércio, em Porto Alegre, e reuniu diretores de sete redações do estado para uma retrospectiva do impacto da imprensa na cobertura das enchentes de maio e na reconstrução das comunidades atingidas.
Entre os convidados, o diretor editorial e de conteúdo do Grupo A Hora, Fernando Weiss, destaca a relevância do jornalismo em transcender a função de noticiar, assumindo um papel ativo na mobilização social.
“Nosso trabalho vai além de informar. Cabe a nós influir, assumir bandeiras em defesa da sociedade e fortalecer os movimentos que buscam solucionar problemas estruturais. Em 2024, essa atuação foi ainda mais perceptível frente ao desastre sobre o Vale do Taquari.”
Conforme o presidente da Federasul, Rodrigo Sousa Costa, ouvir os jornalistas representa se aproximar das tendências e projeções de como pensa a opinião pública. “Costumamos dizer que a economia se move pela confiança das pessoas umas nas outras. A política é pela opinião pública. Por isso, nosso trabalho como organização social de voluntários se torna mais efetivo quando tem a credibilidade do jornalismo profissional.”
O debate também contou com a participação de Guilherme Kolling (Jornal do Comércio), Guilherme Macalossi (Bandeirantes), Marjana Vargas (Rede Pampa), Marta Gleich (RBS), Igor Muller (Grupo Sinos) e Telmo Flor (Correio do Povo).
Desafios e resultados
A tragédia de maio afetou mais de 400 municípios gaúchos, em um total de 2,1 milhões de pessoas atingidas. Foram quase 200 mortes, com prejuízos sociais e econômicos estimados de quase R$ 50 milhões.
“Uma das grandes questões do jornalismo, do profissional de imprensa, está em relatar os fatos ou ajudar? Desta vez, o repórter também foi atingido”, realça o diretor da Band, Guilherme Macalossi.
Igor Muller, do Grupo Sinos, reforçou a importância de a imprensa estar próxima das comunidades. “Estamos falando de vidas. O jornalismo precisa ouvir, dar espaço para as histórias e buscar soluções junto com a sociedade.”
Para Fernando Weiss, o desafio de tamanha magnitude exigiu a mobilização de toda a equipe de jornalistas durante o episódio. “O Vale do Taquari sofreu sozinho a inundação de setembro. Um mês depois, organizamos o primeiro seminário Pensar o Vale Pós-Enchente. Ali formamos uma comissão multissetorial.”
Neste movimento, surgiu a primeira Carta do Vale do Taquari, com uma série de tarefas para melhorar a resposta em caso de novos episódios. “Não imaginávamos que viveríamos de novo em maio. Só que desta vez, não foi só a nossa região.”
Cultura de prevenção
Como primeira entrega da comissão, saiu o projeto Educação Ambiental nas Escolas (Educame). Com intuito de criar consciência coletiva sobre catástrofes ambientais, a iniciativa convida educadores e alunos para tornar o cuidado com a natureza e como proceder em momentos de crise em disciplina de aula.
“Pensamos em dotar a sociedade de conhecimento. Para que os alunos sejam multiplicadores, que repliquem a cultura da prevenção nas famílias”, diz Weiss. As publicações trazem a exclusividade e ineditismo de pormenorizar aspectos regionais.
O Educame é uma realização do Grupo A Hora e conta com o apoio da Defesa Civil Nacional, das associações dos municípios do Vale do Taquari (Amvat) e do Alto Taquari (Amat).
Operação na região Sul
O diretor editorial do A Hora também detalhou a expansão do grupo para Pelotas e Rio Grande. A circulação começou em 6 de julho, com o diário A Hora do Sul. A política editorial e o propósito de fortalecer o desenvolvimento regional norteiam a operação. “Nossa proposta é fazer com que a população e o empresariado atuem em um ciclo virtuoso. Esperamos ser o catalisador deste movimento.