Mano Rick, cujo nome é Luis Henrique Duarte, é um rapper e produtor musical que começou sua carreira no hip-hop em 2005, aos oito anos de idade, quando participou de projetos sociais e rádios comunitárias no Dunas. Desde então, ele tem se destacado na cena musical com sua versatilidade e aborda em suas produções temas sociais, raciais, íntimos e motivacionais. Em 2013, lançou seu primeiro EP – publicação musical mais longa do que um single e mais curta do que um álbum – chamado Fatos e Fatos, e em 2017, seu primeiro álbum, Do Dunas Pro Mundo, financiado pelo Procultura Pelotas. Em 2020, lançou sua primeira parceria internacional com os artistas angolanos Stime e Marley. Em 2021, lançou o EP O Exceder do Silêncio, financiado pela Lei Aldir Blanc. Rick também ministrou oficinas de hip-hop e empreendedorismo cultural. Em 2024, lançou o projeto AMPLIFICA, que combina rap clássico com guitarra elétrica.
Como você se sente sabendo que sua música impacta vidas na comunidade?
Me sinto feliz, pois meu propósito com o rap sempre foi impactar e contribuir de maneira positiva no dia a dia da comunidade. Penso que o microfone, assim como o rap, são ferramentas poderosas, e quando utilizadas com responsabilidade promovem grandes transformações. Construí minha caminhada com muito amor e carinho, é gratificante ver ela sendo considerada.
O que o hip-hop significa para você, pessoalmente e como artista?
O hip-hop é uma ferramenta de transformação. É a cultura responsável por fortalecer identidades, promover autoestima e entregar significados e direcionamentos a gerações de jovens negros em todo o mundo. Eu sou fruto desse movimento, e além de crescimento mental, o hip-hop me possibilitou uma profissão. Vejo o hip-hop como uma plataforma de ascensão da periferia e para a periferia.
Como foi misturar rap com guitarra elétrica?
Também sou fruto de projetos sociais, e foi neles que tive maior contato com a música e consequentemente com instrumentos musicais. Cedo me fiz presente na banda da escola, oficinas de violão e projetos de musicalização. Essas atividades ampliaram minha percepção musical e curiosidade por experimentos; a banda Unidos Pelo Rap, que formei por volta de 2011, aos 14 anos, foi uma das primeiras manifestações disso. Trazer a guitarra e qualquer outro instrumento musical é uma forma de mostrar um pouco mais de mim.
Como foi colaborar com artistas de Angola e expandir seu som?
Além do crescimento artístico no desafio de escrever e produzir, proporcionou a troca de cultura, reconhecimento em outras localidades e bons amigos. Conheci o Stime pelo Facebook, em 2017. Trocamos ideias e trabalhos que gerou admiração mútua. Enviei alguns beats e em seguida ele retornou com a ideia da música “Além do tecido”, já com o refrão do Marley. O segundo ato foi visitar meu lado mais sentimental e criar versos de esperança e harmonia para concluir a parte escrita da obra em coerência com a mensagem de amor e unidade proposta pelo Stime. Gravei meu verso, recebi a gravação deles por e-mail e aprimorei e finalizei a produção. Gravamos o videoclipe simultaneamente, eles em Luanda e eu em Pelotas, ressaltando as particularidades das nossas comunidades.
O que te motiva a ensinar hip-hop e empreendedorismo cultural?
Como já disse, o hip-hop é uma ferramenta de transformação. Como MC oriundo da periferia, compartilhar a história do hip-hop e a minha experiência nele é uma forma de contribuir no crescimento e emancipação da comunidade. O hip-hop me levou ao empreendedorismo cultural com produtos como CDs, camisetas e moletons. Além de expandir o meu trabalho, essa atividade é um complemento financeiro que auxilia na continuidade dele. Saber que inspiro pessoas a seguir um caminho positivo me motiva a seguir compartilhando esses conhecimentos.