Antes das 6h deste sábado (7), uma grande fila se formou na rua Voluntários da Pátria, contornando a Barão de Santa Tecla, por pessoas em busca de uma oportunidade de saber se estão em dia com a pele.
É que Pelotas é uma das cidades contempladas com a campanha Dezembro Laranja e, quando profissionais prestam atendimento gratuito à população.
Mas em apenas oito minutos, as 120 fichas foram distribuídas para o atendimento de sete médicos voluntários no Centro de Especialidades de Pelotas, até às 15h. O evento é organizado pela Sociedade Brasileira de Dermatologia – Secção do Rio Grande do Sul (SBD-RS) e acontece há vários anos no município.
Na fila de espera estavam pessoas, a maioria de pele clara, com mais idade e da zona Rural de Pelotas, em busca de uma explicação para a mancha que surgiu no rosto ou um sinal nas costas. Maria Sirlei da Mota dos Santos, 70, tem uma mancha no rosto e gostaria de saber se deve se preocupar. Ela costuma fazer caminhadas, não usa acessório, mas está sempre com protetor. “É a primeira vez que eu venho, pois é uma oportunidade para tirar dúvidas”.
Esta também é a primeira vez de Rosa Bassi Correa, 62. O pai teve câncer de pele e a sua preocupação é quais os cuidados que deve tomar. “Eu estou preocupada com algumas manchas e sou bem descuidada em relação ao sol, embora não frequente muito as praias”, admite.
Consulta no local
O agricultor Wilmar Milech Heinemann, 52, é do Passo do Pilão. Quando está no campo, se protege do sol com boné, mas não costuma fazer uso de bronzeador. No consultório, a médica dermatologista e coordenadora da campanha em Pelotas, Ana Eliza Bomfim Duarte, faz uma série de perguntas ao trabalhador rural, que aponta somente uns sinais nas costas que, às vezes, provoca coceira. “A minha esposa que está consultando e eu vim com ela pela primeira vez, para fazer uma revisão”, explica ele à especialista antes de ser examinado.
A dermatologista explica que as pessoas geralmente chegam com dúvidas e receios de que suas lesões possam evoluir para câncer de pele. “Nesses casos, pacientes que tenham pintas ou que sinais que modificam, são assimétricos, irregulares, com várias cores, não cicatrizam, sangraram ou que cresceram a procurar um dermatologista, porque existe uma série de outras doenças dermatológicas, mas o foco aqui é fazer o atendimento voltado à prevenção ao câncer de pele.”
Grupo de risco
A médica, um dos sete profissionais voluntários que prestaram atendimento, observa que a grande maioria dos pacientes são pessoas do interior, que trabalham na lavoura e com exposição solar maior. “A cor de pele é mais clara, de olho azul, de cabelo mais claro, então isso também aumenta o risco para lesões”, comenta.
Outro fator observado durante o atendimento é que o público é de mais idade, pois o efeito do sol é cumulativo. “O efeito maior do câncer, geralmente, é depois dos 40, 50 anos.” Quando o paciente é questionado sobre o uso do protetor solar, a dermatologista explica sobre a importância de usá-lo e não costuma falar em marcas. “A gente sempre orienta que use o produto cujo FPS seja de 30 para mais. Menos não vai ter proteção do câncer de pele. Além disso, a recomendação é a aplicação diária, ao acordar, e em qualquer época do ano, porque por mais que esteja frio, que esteja nublado, a gente tem radiação que causa câncer”, explica. Mesmo com o uso do protetor solar, a recomendação são os acessórios como boné, chapéu, óculos e a própria roupa. “Mesmo que não seja com filtro solar, pois ela acaba fazendo uma certa proteção”, destaca Ana Elisa.
Incidência
Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), o câncer de pele é o tipo mais frequente no Brasil, representando cerca de 30% dos tumores malignos diagnosticados e, com a chegada do verão, quando a radiação solar é maior, a SBD-RS busca conscientizar a população. A doença é caracterizada pelo crescimento descontrolado e anormal das células do maior órgão do corpo.