O Rio Grande do Sul alcançou o menor percentual da população vivendo na pobreza e na extrema pobreza desde 2012, aponta a Síntese de Indicadores Sociais do IBGE. Os dados do levantamento demonstram que em 2023 o Estado tinha 1,3% (141,4 mil) das pessoas em extrema pobreza e 14,4% (1,8 milhão) na linha da pobreza. Há cerca de dez anos, estes índices eram de 2,2 % (235,2 mil) e 20,0% (2,1 milhão) respectivamente. O aumento dos benefícios sociais e a queda do desemprego são considerados os principais fatores para o cenário positivo.
Mesmo em comparação com 2022, a queda nos níveis de pobreza é considerável. Na época eram 2,5% (272 mil) na extrema pobreza e 16,8% (1,8 milhão) na pobreza. Um ano depois, foram menos de 130 mil na miséria e 300 mil na pobreza. O estudo leva em conta a chamada pobreza monetária, quando a família não possui rendimentos suficientes para prover o bem-estar.
Para traçar as linhas de recursos, o IBGE utilizou o critério do Banco Mundial de US$ 2,15 por pessoa por dia (ou R$ 209 por mês) para a extrema pobreza e de US$ 6,85 por pessoa por dia (ou R$ 665 por mês) para a pobreza. Para o economista e professor da UFPel, Marcelo Passos, que analisa indicadores sociais, o avanço socioeconômico é provocado principalmente por dois fatores: o aumento do valor dos benefícios sociais e a queda do desemprego no país.
Auxílio Emergencial e Bolsa Família
A criação do Auxílio Emergencial de R$ 600 e depois a manutenção do mesmo valor no Bolsa Família teriam sido responsáveis por tirar a população da vulnerabilidade. “Faz uma diferença enorme, esse valor para as famílias muito pobres e pobres. Isso tem um impacto muito interessante, muito redutor nos níveis de pobreza”.
Emprego
A queda na taxa de desocupação, que no segundo trimestre recuou para 6,4%, é outra condição que propicia o encolhimento da pobreza. “O desemprego vem reduzindo desde 2022. Então o efeito combinado do Bolsa Família, 600 reais, mais adicionais para crianças, gestantes e adolescentes, junto com a redução do desemprego, impacta fortemente na redução da pobreza”, aponta o economista.
Garantia de renda no final do mês
Um dos residentes das novas moradias do loteamento Estrada do Engenho, construído pelo poder público para atender pessoas em situação de vulnerabilidade social, Lucas Braga conta com o Bolsa Família para ajudar no sustento de três filhos pequenos. Apesar de conseguir serviços com “bicos”, ele não tem emprego fixo. “É uma baita ajuda para a nossa comida, pagar contas também e tudo mais, é bem útil, fortalece bastante em casa”, relata.
Sem conseguir um trabalho estável e com dificuldades para sustentar as crianças, Braga diz que não se considera na linha da extrema pobreza, mas que ainda vive em uma situação de falta de recursos suficientes para o bem-estar da família. “A gente tem que pensar que tem gente pior que a gente, né? Temos o que comer, por mais difícil que seja”.
Ajuste orçamentário
Para o país seguir no caminho do progresso social, o economista Marcelo Passos considera que os próximos passos são para realizar um ajuste orçamentário que reduza as despesas e o déficit orçamentário. “Para que o país volte a ter grau de investimento. Com investimento aumentando a tendência é reduzir ainda mais a pobreza e até enriquecer”.