O sinal de internet na principal faixa de frequência 5G já está liberado para ser ativado por todas as operadoras do Brasil. Nesse momento, são 770 municípios com o serviço disponível, só dois deles na região: Pelotas e Rio Grande. Entre as promessas do 5G, estão conexões de internet mais rápidas, eficientes e estáveis, devido ao melhor uso da largura de banda e mais pontos de conexão.
Segundo a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), todas as cidades do país já estão aptas a receber a conexão 5G no modelo standalone, que também é chamado de “5G puro”. A continuidade do processo de ativação da internet móvel depende da instalação de antenas pelas operadoras de telefonia, que têm até 2029 para cumprir o cronograma, abrangendo todos os municípios brasileiros.
Como funciona o 5G?
A proposta do 5G conta com duas fases de implementação: uma “não autônoma” e outra “autônoma”. O professor do curso de telecomunicações do IFSul, Jairo Farias, explica que a fase não autônoma (non-standalone) possibilita o acesso do dispositivo móvel a um canal de rádio de banda mais larga e, assim, uma taxa de transferência e velocidade de dados maior. A partir daí, o sinal é concedido para o núcleo (core) do 4G tratar destes dados. “Isso ainda não possibilita a velocidade prometida pelo 5G, mas melhora muito em relação ao 4G”, afirma.
Em um segundo momento, fruto de um processo mais avançado, a fase autônoma – standalone ou 5G puro – estabelece toda a rede com a tecnologia, sem ancoragem no 4G. Ele pertence a uma infraestrutura de rede inteiramente nova e independente, com antenas e núcleo projetados exclusivamente para tirar o máximo proveito das tecnologias e frequências do 5G. “Melhora muito em relação à taxa de transferência e à latência, que é o tempo de resposta em que clicamos e a rede executa”.
Baixa disponibilidade na região
Na Zona Sul do Estado, de acordo com os sites que recebem dados para o núcleo próprio do 5G, apenas Pelotas e Rio Grande já contam com algumas antenas compatíveis à rede móvel mais avançada. O especialista aponta que as outras cidades da região ainda desfrutam do 5G ancorado na rede 4G. “Tem até 2029, mais quatro ou cinco anos. Quanto maior o centro urbano, mais rápida a implantação”, acrescenta.
Nos dispositivos móveis dos estudantes Gabriel Almeida e Nicole Lima, de 23 e 19 anos, a conectividade de quinta geração já está estabelecida. Para eles, a evolução da qualidade da internet é muito importante atualmente. “É bacana essa nova implementação para atualizar a qualidade e aos poucos ir se concentrando nos grandes centros e em cidades maiores para aumentar a qualidade e a acessibilidade”, comenta Gabriel. “Às vezes, a gente precisa da internet, e o 4G ou 3G decidem não funcionar. Já o 5G, quando a gente precisa, realmente funciona. Também senti diferença em ligações de vídeo e no Google Maps. Não fica travando”, completa Nicole.
Para a jovem moradora de Canguçu, Manuella da Silveira, 19 anos, que viaja todos os dias para estudar, a mudança na qualidade da internet móvel é perceptível à medida que se aproxima de Pelotas. “Quando estou chegando mais ou menos onde tem aquelas arrozeiras, o meu sinal muda para 5G e vejo que as coisas carregam mais rápido. Esses dias, o sinal estava ruim em Canguçu, pegando só o 3G, e quando cheguei em Pelotas foi para o 5G e mudou da água para o vinho”, relata Manuella.
Largura de banda do canal
Para melhor entendimento, o professor faz uma comparação com uma avenida: quanto mais larga, mais carros (dados) podem trafegar simultaneamente. A explicação técnica deste aspecto utiliza a fórmula de Shannon para demonstrar que, quanto maior a largura de banda do canal, maior será a taxa de transferência de dados (mais bits por segundo). Uma largura de banda maior permite transmissão mais rápida e eficiente.
Tecnologia de antenas
No 5G, as antenas transmitem para outras antenas ao mesmo tempo. A tecnologia permite colocar diversas antenas dentro de um único dispositivo, como um celular, otimizando a transmissão e recepção de dados.
Modulação do sinal
O 5G utiliza várias subportadoras em vez de uma única portadora central para modular o sinal. Farias explica que a mensagem é transmitida em vários subcanais dentro de uma banda maior. Mesmo que alguns subcanais sofram interferências, a informação pode ser recuperada, já que outros subcanais compensam as perdas. A confiabilidade do 5G passa por isso, já que há essa possibilidade de transmitir a mensagem por outros caminhos.