Os desafios de zelar os oito mil quilômetros de estradas rurais

Mobilidade

Os desafios de zelar os oito mil quilômetros de estradas rurais

Canguçu é a maior cidade em número de minifúndios e requer vias com qualidade para movimentar a economia

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Os desafios de zelar os oito mil quilômetros de estradas rurais
Estradas rurais apresentam problemas desde as chuvas de maio. (Foto: Jô Folha)

Canguçu tem mais de 14 mil propriedades rurais que se ligam ao centro urbano por meio de oito mil quilômetros de estrada. Destaque na agricultura familiar, o município tem o maior número de minifúndios do Brasil, o que cria um desafio para a manutenção das vias. Após a enchente de maio e avarias de setembro, muitas delas ficaram em precárias condições, com queda de pontes e trechos intransitáveis. Dois meses depois, a prefeitura garante que trabalha diariamente na manutenção das vias. Mas problemas ainda são apontados por quem depende diariamente da estrada.

O agricultor Zenon Crizel mora no Rincão da Cruz, quarto distrito de Canguçu, e diz que está completamente abandonado. Com a estrada oferecendo risco, pois tem bueiros destruídos e a ponte está quebrada, ele conta que o transporte não passa mais pelo local e que muitos estudantes estão sem ir à aula. “A ponte que passa a carreta está totalmente em perigo. Caiu a viga e aquilo ali é uma arma, pois pode cair tudo. A ponte dos Maias está toda quebrada, e tem outro pontilhão que faz a divisa do corredor do Crizel ao corredor do Passo da Canoa, onde não passa nada”, relata.

Do outro lado da faixa, na Estrada dos Marcos, também conhecida como Cerro Grande, o representante de vendas de máquinas, Leônidas Voigt, 41, percorre quase todos os distritos. Ele avalia como péssimas as condições das estradas da zona rural. “Tem trechos bem ruins e a patrola só vem quando o caso é extremo”, reclama. Ele tem um sítio no local e diz que desde sempre foi assim. Pela sua profissão, seguidamente precisa deixar o carro para revisão no mecânico.

Contraponto

Percorrendo a região, percebe-se que em locais mais íngremes é preciso trafegar devagar e com muita atenção, pois a via é estreita e só passa um carro. Em outros, além de asfalto com bloquetes de concreto, a via foi toda patrolada, como a estrada do Ibra, também chamada de professora Neusa Paes do Amaral, que liga o primeiro distrito ao quarto. O secretário de Desenvolvimento Rural, Eduardo Böhm Vergara, rebate alguns apontamentos.

“Não temos informação de algum local ou alguma localidade que esteja sem transporte. Um ou outro aluno, dependendo das condições do tempo, fica um dia ou outro sem conseguir ter acesso do transporte”, justifica. O secretário garante que nas estradas principais e em 99% dos corredores o transporte opera normalmente. “Tivemos muitos dias de muita chuva e alguns locais e residências ficaram, às vezes, sem ter acesso ao transporte escolar, mas isso é pontual”, resume.

Vergara confirma que ainda há locais com problemas desde a enchente de maio e destaca uma realidade da maioria dos municípios atingidos, que foi sair de um decreto de emergência e entrar em outro. “Estávamos nos recuperando do evento de maio e teve outro em setembro que acabou prejudicando mais algumas pontes, algumas que já estavam com problema ficaram mais danificadas”. O trabalho de manutenção segue nos cinco distritos, com equipes em todos os locais.

Até o final do governo, que termina no dia 31 deste mês, a prefeitura pretende entregar a obra de colocação de bloquetes de concreto na estrada do Ibra, que é o prolongamento de uma rua urbana.

Futuro

O prefeito eleito Arion Braga (PP) acredita que uma das propostas de campanha que o conduziu à prefeitura está na promessa de resolver os problemas enfrentados nos milhares de quilômetros de estrada rural. “Não posso dizer que é prioridade número um, pois esta é a saúde. Mas o nosso interior vai ser prioridade, pois são oito mil quilômetros, 500 pontes, muitos assentamentos e quilombolas, maior minifúndio e agricultura familiar do país, que movimenta a economia da cidade”, enfatiza Braga ao ressaltar que está buscando recursos para montar uma força-tarefa que vai atuar nas melhorias das estradas e corredores de Canguçu.

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