Proposta cultural da orla portuária de Pelotas, a Galeria Otroporto Connexion abriga obras de 74 artistas, de dez Estados da federação, além dos Estados Unidos, Angola, Moçambique e Argentina. Até o dia 20, estão abertas as visitas guiadas, das 13h30min às 17h30min, de segunda a sexta-feira. Neste período também acontece a exposição Portal, de Théo Gomes.
O espaço-arte integra a Otroporto Indústria Criativa, que nasceu durante o processo de revitalização da orla portuária, em 2016. Desde então a entidade atua em iniciativas que fomentam o desenvolvimento e a sustentabilidade. Segundo o diretor de Projetos, Duda Keiber, a integração com a comunidade é a essência de todo o processo. “Estamos focados em apoiar e desenvolver iniciativas que gerem pertencimento, fruição, educação, formação e cidadania”, observa.
A Galeria é uma das ferramentas de transformação através da arte. “Nasceu como um verdadeiro inventário artístico-cultural, gerando oportunidades, movimentando a máquina da economia da cultura e proporcionando aos visitantes encanto e provocação”, destaca Keiber. A ocupação dos espaços aconteceu através de editais e convites.
Arte por toda parte
Entrar na Galeria Otroporto Connexion é mergulhar em um mundo de possibilidades. O tour é conduzido pelo artista Bero Moraes, coordenador da Galeria, que percorre os dois andares do prédio explicando o contexto de cada uma das obras, as técnicas utilizadas e compartilhando informações sobre os autores. De acordo com ele, o grande encanto do passeio está na diversidade e representatividade do acervo, que contempla desde arte urbana, fotografia, instalações e esculturas, em técnicas como pintura, batik, desenho, lambe, adesivo, aquarela, entre outras. “Mesmo com essa mescla de expressões, todas têm em comum a temática de pessoas e águas”, explica Bero.
Ao espaço convergem diferentes experiências artísticas. A visão do artista Valdir Ferreira, 90, por exemplo, divide espaço a de Lara Cardoso Vicentini, 12.
Inclusão e fomento à cultura
O papel da arte é transbordar além da contemplação. Realidade percebida pela assistente social Márcia Lemos de Almeida, que acompanhou pela segunda vez a visita dos usuários do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) Escola da Universidade Católica de Pelotas (UCPel). Os olhares atentos e os ouvidos sintonizados nas palavras do guia traduziam a satisfação dos visitantes. “Sentimos falta de espaços como esses, de inclusão e livre acesso à cultura”, salienta.
Para proporcionar experiências como essa existe uma cadeia de crenças e valores que convergem pela coletividade. A CEO da Connexion Export, Fernanda Hackbart, referência na exportação de toras de madeira, apoia a iniciativa integralmente. Como trader internacional de mercadorias, convive com áreas portuárias de diferentes continentes. “Existe um movimento de resgate de áreas portuárias, no Brasil, Europa e Ásia, com uma ambientação industrial rústica, para uso como espaços culturais, de arte e entretenimento, de convívio social e de intercâmbio de ideias”, observa.
