Dólar a R$ 6 impacta poder de compra da população no fim de ano
Edição 19 de julho de 2024 Edição impressa

Terça-Feira3 de Dezembro de 2024

Economia

Dólar a R$ 6 impacta poder de compra da população no fim de ano

Alta da cotação da moeda desencadeia efeito cascata que influencia setores como combustíveis, alimentação e comércio

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Dólar a R$ 6 impacta poder de compra da população no fim de ano
Moeda subiu 23,4% e chegou a R$ 6,05. (Foto: Marcello Casal Jr)

Com o dólar a R$ 6,06 nesta segunda-feira (2), a moeda já acumulava 23,4% de alta no agregado dos últimos 12 meses. O aumento na cotação após o anúncio da isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil, pressiona os preços de diversos setores – da alimentação à gasolina -, e afeta o poder de consumo. O aumento dos custos pode ser ainda mais perceptível no final do ano, período marcado por maior volume de compras e despesas.

Dezembro começou com a disparada do dólar e os efeitos devem ser sentidos no bolso dos consumidores em pouco tempo, já que não há perspectiva de queda significativa. Para antever a elevação dos custos a tendência é que o mercado repasse a oneração aos preços finais, ou seja, os produtos que dependem de bens importados ficarão mais caros.

Os alimentos

O mais famoso a ser impactado pelo aumento do dólar é o pão, porque grande parte do trigo é importado do Canadá e da Argentina. Da mesma forma ocorre com todas as variedades de alimentos que são importados para a complementação da produção doméstica do Brasil e até mesmo com os produzidos localmente, que são impactados pelas exportações.

“Nessa época de final de ano as pessoas compram mais produtos importados para ceia de Natal, esses produtos tendem a ficar mais caros também”, ressalta o economista e professor da UFPel, Marcelo Passos.

Outro fator é que o dólar alto torna mais vantajoso exportar produtos primários como soja, milho e carne, o que diminui a oferta interna e consequentemente eleva os preços. “A carne vai ser exportada então aumenta o preço da carne para nós aqui para consumo interno”.

Comércio

Entre os itens mais buscados no comércio, especialmente nas compras de Natal, estão os eletrônicos e os vestuários, muitos dos quais são importados e atrelados ao valor do dólar. Para o presidente do Sindicato dos Dirigentes Lojistas de Pelotas (Sindilojas), Renzo Antonioli, o aumento de preços não deve ser visto nas lojas físicas da cidade imediatamente porque boa parte já garantiu o estoque de fim de ano. No entanto, o encarecimento afeta compras online.

Os combustíveis e a viagens

Na mesma linha dos gastos típicos de fim de ano, a despesa com viagens é afetada pelo aumento de combustíveis e passagens. A gasolina, indispensável no dia a dia, tende a encarecer devido ao refino do petróleo ser realizado no exterior. “De automóveis, viagens, aviões, tudo aumenta. No caso das compras as passagens também ficam mais caras em função do preço mais alto dos combustíveis para aviões”, explica Passos.

Agronegócio

Para os produtores de commodities agrícolas a alta do dólar é um bom sinal já que as exportações são remuneradas na moeda norte-americana. Entretanto, a lavoura fica mais cara, pois boa parte dos insumos, como fertilizantes, são importados, bem como os maquinários. Além disso, marca da região Sul, a produção de arroz não deve ser beneficiada como o esperado pelas exportações.

Com uma expectativa de aumento de produção no Mercosul para a próxima safra, a cotação do cereal tem baixado. “Mesmo com o dólar subindo, o arroz está baixando. Está na contramão das outras commodities”, diz o proprietário da Arrozeira Pelotas, Dilnei Portantiolo.

Juros e créditos

Diante do aumento da inflação gerado pela valorização do dólar, outra consequência é um aumento dos juros futuros e o crédito fica mais caro para o consumidor. “Como o crédito imobiliário afeta até o setor de construção”, ressalta Marcelo Passos.

Na análise do economista não há uma perspectiva a curto prazo para a diminuição da cotação. O que só deve ocorrer com medidas do governo federal no corte de despesas públicas que agrade o mercado. “Que o governo vai reduzir o déficit, se comprometer com medidas realmente que induzam confiança, aí sim a gente vai ter uma gradativa diminuição da cotação”, conclui.

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