Por muito tempo Pelotas teve o slogan de “Cidade das Águas”. Inclusive ainda está grifado em alguns dos pórticos nas principais vias de entrada da cidade. No entanto, nossa cidade raramente olhou para as oportunidades trazidas pelo entorno formado pelo canal São Gonçalo, Lagoa dos Patos e Arroio Pelotas. Apesar do trauma recente causado pelas enchentes em sequência, é óbvio que a cidade precisa ainda olhar para as oportunidades de turismo, economia e lazer trazidas pela relação com a natureza. Não dá mais para crescermos “de costas” para nossas origens. Foram as águas que nos fizeram um município e elas podem nos ajudar no salto que tanto almejamos.
Um bom sinal é o futuro parque às margens do São Gonçalo, na Estrada do Engenho. Não tem quem olhe para o que Porto Alegre faz com o Guaíba e não se encante. Por qual motivo levou mais de dois séculos para Pelotas começar a explorar o seu canal, que tem toda a pinta de rio? Um espaço em uma região que cresce, voltado ao turismo, ao lazer e ao esporte vai ser essencial para dar uma cara diferente ao município. Em que pese a necessidade de fazer isso tudo aliado à segurança necessária para potenciais transbordos em novas cheias, a ideia vem para ser um divisor na história da cidade. Precisa sair do papel.
No Laranjal, o potencial turístico já é sabido e bem explorado. Mas o Arroio Pelotas, apesar de ser o berço de nossas origens, ficou restrito às poucas charqueadas e casas que são abertas para visitação. Também um desperdício de beleza e potencial de criação de espaços de qualidade para uso coletivo.
A localização das águas de Pelotas é fundamental para a expansão do Porto, da navegabilidade e da potencialização da nossa capacidade de evoluir como liderança logística em parceria com Rio Grande, fazendo uso da possibilidade de chegar a todo Mercosul pelas estradas, hidrovias e aeroporto. Quantas cidades têm esse mix de possibilidades?
O futuro de Pelotas passa pelas águas. Como fator de atração turística, lazer da comunidade e estimulador econômico da sociedade.