Obras de restauro na Catedral Metropolitana serão retomadas em janeiro
Edição 19 de julho de 2024 Edição impressa

Quarta-Feira4 de Dezembro de 2024

Patrimônio

Obras de restauro na Catedral Metropolitana serão retomadas em janeiro

Com financiamento de pouco mais de R$ 1,9 milhão, projeto aprovado pelo Pró-Cultura abarca o assoalho e cobertura do lado norte

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Obras de restauro na Catedral Metropolitana serão retomadas em janeiro
Obra no assoalho está parada desde maio por falta de recursos (Foto: QZ7 Filmes)

Depois de uma interrupção de seis meses, o restauro que vai trazer de volta a beleza e a segurança do piso de madeira da Catedral Metropolitana São Francisco de Paula tem data para recomeçar: 20 de janeiro do próximo ano. A boa nova foi anunciada pelo padre Wilson Fernandes, na noite de quinta-feira, após a missa. A obra, que parou em função da falta de recursos, foi incluída em um projeto aprovado pelo Pró-Cultura do Governo do Estado. O aporte é de R$ 1.991.213,11, recurso que vem direto do Fundo de Apoio à Cultura (FAC), sem a necessidade de captação.

O projeto ampliou a ação do restauro e vai contemplar a finalização da cobertura do setor que fica em frente ao Colégio Gonzaga, a restauração completa do assoalho e a elaboração do projeto de acessibilidade do Salão São José. A arquiteta Simone Neutzling, da Perene Patrimônio Cultural e responsável pelas ações de restauração da Catedral, explica que essa nova fase segue o conceito de obra aberta ou seja, não serão fechadas as portas durante todo o processo, somente ao final, quando for feito o acabamento com sinteco, em todo o piso de madeira. 

Orçado em R$600 mil, o restauro do assoalho, uma área de quase 750 m2, inicialmente seria realizado com recursos vindos de campanhas na comunidade, porém o montante não foi alcançado e a obra iniciada pela lateral da Catedral, à direita de quem entra, junto à rua Senador Mendonça, foi desmobilizada. 

A obra foi iniciada em dezembro de 2023 e interrompida em maio. A necessidade de se restaurar o assoalho vem de um longo tempo, porém no último ano o processo de deterioração da madeira poderia causar algum acidente. De acordo com a arquiteta, havia muita umidade no contrapiso e o barroteamento, onde o assoalho está pregado, apodreceu, fazendo com que afundasse ou se soltasse. Com o restauro, o madeiramento, barrotes e assoalhos, serão substituídos.

Recuperação do telhado

O recurso do Pró-Cultura também servirá para a finalização do restauro do telhado da ala que fica junto à rua Senador Mendonça. Esta é a parte que faltava para se completar a restauração da cobertura. 

De acordo com a arquiteta, no setor será feita a retirada das telhas e feita a lavagem e limpeza delas. Também será feita a restauração do madeiramento (ou estrutura de madeira) danificado, além da imunização contra cupins. No projeto constam ainda a limpeza da parte superior do forro de estuque, a execução de subcobertura com chapa metálica e a recolocação das telhas originais.

Expectativa em agosto

Padre Wilson Fernandes fez o anúncio na noite de quinta-feira, após a missa (Foto: Ana Cláudia Dias)

Feliz em compartilhar a novidade com a comunidade, o padre Wilson Fernandes relembra que a Catedral não é somente um patrimônio da Arquidiocese é também do país. “Está aqui o marco zero da nossa cidade e ter esse momento também nos traz muitos desafios, sobretudo no próximo ano, quando vamos viver o jubileu dos 2025 anos do nascimento de Jesus e também completaremos 115 anos de criação da Diocese, hoje Arquidiocese de Pelotas”, fala. 

A expectativa do pároco é que a obra no assoalho esteja pronta até 15 agosto, quando se celebra a criação da Diocese. “Oxalá em agosto a gente esteja pelo menos com o piso pronto para que se possa celebrar esses 115 anos”, comenta.  A Catedral pertence ao conjunto urbano do Centro Histórico de Pelotas e foi tombada pelo  Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em 2018. 

Escola de Restauração

As obras serão acompanhadas por uma equipe multidisciplinar, que vai desenvolver diferentes ações de educação patrimonial. Complementando esse projeto a obra servirá também para capacitar interessados em trabalhar com restauro. “Vamos fazer uma série de oficinas resgatando as antigas técnicas construtivas, compartilhando esse conhecimento com outras pessoas”, esclarece Simone.

A iniciativa se chama Escola de Restauração e prevê dez módulos de oficinas práticas, com o objetivo de transmitir conhecimentos especialmente para jovens profissionais ou estudantes que queiram seguir atuando na área do patrimônio. “Temos muitos prédios, muito patrimônio para restaurar e precisamos de mais pessoas que nos auxiliem nessa jornada”, diz a arquiteta. 

Cronologia da Catedral

1812

Obtido o alvará para a criação da Freguesia de São Francisco de Paula pelo Padre Felício Joaquim da Costa em 1812, impunha-se a necessidade de uma Igreja Matriz. Reunidos na casa de José Antônio Torres, em 1813 os povoadores decidiram erguer uma capelinha. 

1826

Devido a um forte raio, edificou-se novo templo, pouco maior. À frente de quase todo o custeio, esteve Domingos de Castro Antiqueira, o Visconde de Jaguari. A invocação a São Francisco de Paula como padroeiro da cidade remete ao dia 2 de abril de 1776, quando a região se livrou da ameaça de invasão espanhola.

1910

A Diocese de Pelotas, por sua vez, foi criada pela Bula Papal datada de 15 de agosto de 1910, assinada pelo papa Pio X. Para sediá-la, foi erguido o Palácio Episcopal, adjacente à Igreja Matriz. A Igreja Matriz passou a ser catedral da nova diocese. Seu primeiro bispo foi Dom Francisco de Campos Barreto.

1930

A primeira grande reforma da Catedral São Francisco de Paula ocorreu no início da década de 1930, sob o projeto do frei franciscano Niceto Peters. A intervenção conservou a frontaria, com suas torres, e ajustou a proporção do corpo principal da edificação em relação àquela frontaria, demolindo para tal o antigo corpo e aumentando, assim, sua capacidade. São desta época também os dezesseis vitrais artísticos distribuídos nas novas fachadas laterais, doações de famílias tradicionais pelotenses.

1950

Por iniciativa de Dom Antônio Zattera, terceiro bispo de Pelotas, em agosto de 1946 foi lançada a campanha de continuação das obras do templo, com a realização de rifas de itens, como broches, jóias, automóveis, brinquedos, doados por membros da comunidade.

 

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