Sinal de alerta
Edição 18 de fevereiro de 2025 Edição impressa

Sábado31 de Maio de 2025

Editorial

Sinal de alerta

Sinal de alerta
Câmara de Pelotas esteve no centro das polêmicas nesta semana. (Foto: Jô Folha)

É perigoso ver que a pauta da Câmara de Vereadores pode ser travada por uma decisão solitária e birrenta. O que acontece atualmente em Pelotas repercute um pouco do que notamos no Legislativo federal e estadual: o Executivo torna-se refém dos desejos dos parlamentares e, com isso, trava-se as propostas do governo eleito pelo povo. Óbvio, vereadores e deputados também são, mas não deveriam ter o poder de centralizar ou podar pautas com argumentos nada republicanos.

A decisão de travar as mensagens do governo Paula Mascarenhas (PSDB) até que o governo repasse mais recursos para a Câmara, tomada individualmente pelo presidente Anderson Garcia (PSD), reforça um problema nas relações entre poderes atualmente. Um pode virar refém do outro e esse é um terreno fértil para as negociatas que tanto prejudicam o país. O poder Legislativo não pode virar um balcão de negócios e, com os poderes que tem atualmente, não deve usar isso para fazer o Executivo dançar ao seu ritmo. Na esfera que for.

A Câmara de Pelotas, aliás, até emendas impositivas tem agora – algo estarrecedor. Foge completamente do objetivo constitucional do poder. Não basta aumentar os próprios salários de maneira exorbitante – o que inclusive gerou ação do Ministério Público, na quinta-feira – o Legislativo passa agora a definir onde o município vai aplicar parte do orçamento. E o Executivo, que deveria executar e tem por função entender e avaliar onde é melhor fazer os investimentos, acaba ficando, mais uma vez, refém do parlamento.

Felizmente, no caso das mensagens travadas, a extrema maioria dos demais vereadores foi contra a decisão de Garcia e isso deve ser contornado. Mas o fato de as contratações do Samu, o 13º dos servidores e tantos outros temas sensíveis poderem ser simplesmente ignorados por uma decisão individual, acende um alerta.

Aparentemente isso será resolvido com diálogo e de maneira republicana, mas traz outras dúvidas: como o orçamento da Câmara acabou tão rápido esse ano, se é ainda maior do que o do ano passado? Onde foi parar o dinheiro? O que ocasionou tantos gastos? Se o município está com previsão de déficit, vai ter como aplicar valores para acudir o Legislativo? Faltam menos de 40 dias para a atual legislatura encerrar seus trabalhos e essas e outras perguntas não podem ficar sem respostas.

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