Gaeco desarticula organização criminosa que atua dentro do Presídio de Pelotas
Edição 19 de julho de 2024 Edição impressa

Quarta-Feira4 de Dezembro de 2024

Operação

Gaeco desarticula organização criminosa que atua dentro do Presídio de Pelotas

São mais de 170 mandados judiciais, incluindo 19 prisões e remoção de apenados, contra facção que movimentou mais de R$ 32 milhões

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Atualizado sexta-feira,
22 de Novembro de 2024 às 08:32

Gaeco desarticula organização criminosa que atua dentro do Presídio de Pelotas
As ações contaram com 700 agentes de três estados. Um agente penal está envolvido no esquema

O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público do Rio Grande do Sul (GAECO/MPRS) desarticulou, nesta sexta-feira (22) em 13 cidades nos três Estados do Sul do Brasil, um esquema comandado por facção criminosa a partir do interior do Presídio Regional de Pelotas (PRP) para vender drogas, ingressar com celulares, oferecer empréstimos a juros abusivos e lavar dinheiro. Cerca de 700 agentes cumprem mais de 170 mandados judiciais, incluindo 19 prisões e remoção de apenados, contra organização criminosa que movimentou mais de R$ 32 milhões.

Com apoio dos Gaecos dos Ministérios Públicos de Santa Catarina e Paraná, Brigada Militar, Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe), Receita Estadual e Vigilância Sanitária Estadual, foram deflagradas as operações Caixa-Forte II e El Patron. Interligadas, uma apura a venda de drogas e ingresso de materiais ilícitos para o interior do PRP, inclusive com a participação de um policial penal, enquanto a outra investiga um verdadeiro esquema de microcrédito com juros de até 280% e métodos de cobrança nos moldes de uma organização criminosa. São mais de 100 pessoas investigadas, entre elas, 27 detentos, e 10 empresas.

O coordenador do Gaeco, promotor de Justiça André Dal Molin, diz que “o Gaeco atua focado na higidez do sistema prisional e na desarticulação financeira de organizações criminosas, combatendo os negócios ilegais dos seus líderes e buscando recuperar os valores obtidos ilicitamente”.

As operações e investigações são coordenadas pelo promotor de Justiça Rogério Meirelles Caldas, do 10° Núcleo do Gaeco/Sul. Segundo ele, “o lucro obtido com o tráfico era usado para capitalizar a agiotagem e também para lavagem de capitais, assim como o dinheiro da lavagem e da agiotagem era utilizado para fomentar a venda de drogas. Tudo era retroalimentado pela organização criminosa”.

OPERAÇÃO CAIXA-FORTE II

Uma organização criminosa, que montou um centro operacional no PRP para ingressar no local com materiais ilícitos, principalmente celulares, e vender drogas também para toda a região, já havia sido alvo do Gaeco em dezembro do ano passado. Na Operação Caixa-Forte I , foram apreendidos celulares, drogas, dinheiro e muitos documentos. Com a análise dos materiais, como livros-caixa, foi desencadeada a Operação Caixa-Forte II. O promotor Rogério Caldas identificou a estrutura hierárquica do grupo, com núcleos que vão da gerência às finanças, envolvendo diversos laranjas.

Ele também descobriu que, em 10 meses do ano passado, a facção movimentou R$ 2,6 milhões somente com o tráfico e ingresso de celulares no presídio. Além disso, no PRP, os criminosos contavam com a participação de um policial penal corrupto que colaborava com a facção. O servidor é um dos alvos da operação e foi preso nesta sexta-feira. Houve uma revista no PRP e oito líderes da organização criminosa foram removidos, sendo sete com prisão decretada pelos crimes investigados nesta operação. Também houve revistas, devido à participação de outros detentos, na Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (PASC) e Presídio Regional de Bagé.

OPERAÇÃO EL PATRON

Devido à grande movimentação financeira, foi necessário criar uma segunda operação para apurar agiotagem e lavagem de capitais: a El Patron. Como um braço da Caixa-Forte II, o promotor Rogério Caldas diz que a facção também se envolvia com jogos de azar e rifas. Sobre a agiotagem, ele destaca que a organização criminosa utiliza um aplicativo para realizar operações de microcrédito. Por meio de laranjas, o grupo realiza empréstimos com anúncios nas redes sociais e age como se utilizasse empresas especializadas ou idôneas. No entanto, foram comprovados juros na casa dos 50%, 60%, 80%, 100% e até mesmo 280%. As cobranças eram feitas por meio de métodos usados no crime, ou seja, devedores eram ameaçados e sofriam outros tipos de sanções mais graves por parte dos integrantes da facção.

A maior parte dos mais de R$ 32 milhões movimentados era com empréstimos, jogos de azar, rifas e também lavagem de capitais. Sobre esta questão, foi autorizada pela Justiça a busca e apreensão de 28 veículos e de quatro imóveis em Pelotas. Outra forma de lavagem era por meio da aquisição ou investimentos em empresas. São 10 ao todo: açougues, frigorífico e uma imobiliária no Rio Grande do Sul e mais duas imobiliárias em Santa Catarina. Por fim, também havia lavagem de capitais por meio de depósitos em 1,3 mil contas bancárias em nome de laranjas.

COMBATE AO CRIME ORGANIZADO

O Gaeco/MPRS, os Gaecos dos Ministérios Públicos de Santa Catarina e Paraná, Susepe, Brigada Militar, Receita Estadual e Vigilância Sanitária Estadual reuniram cerca de 700 agentes nas duas operações e usaram um helicóptero. Foram cumpridos 19 mandados de prisão preventiva, 156 mandados de busca e apreensão, além da remoção de oito apenados do PRP e bloqueio de 1,3 mil contas bancárias.

No Rio Grande do Sul, são 152 mandados de busca e 18 prisões, em Santa Catarina são dois mandados de busca e no Paraná dois mandados de busca e uma prisão, a do líder da facção gaúcha investigada pelo Gaeco. Os crimes apurados são de organização criminosa, lavagem de capitais, tráfico de drogas, corrupção ativa e passiva.

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