Chega a Pelotas nesta terça-feira (19) o espetáculo A falecida, clássico texto teatral do dramaturgo Nelson Rodrigues (1912-1980), escrito em 1953. A obra ganhou nova montagem no ano passado, quando completou 73 anos. Idealizada e dirigida por Sergio Módena e protagonizada por Camila Morgado, a tragicomédia voltou aos palcos depois de um hiato de 11 anos. Às 20h, em única apresentação no Theatro Guarany.
Protagonizando o espetáculo ao lado de Camila Morgado está Thelmo Fernandes, com uma vasta experiência em torno da obra de Nelson. A montagem conta ainda com Stela Freitas como atriz convidada, e os atores Gustavo Wabner, Alcemar Vieira, Thiago Marinho e Alan Ribeiro.
Nas mãos de Módena, A falecida ganhou uma montagem atemporal, sem fazer modificações na história do dramaturgo. “Eu e Camila somos apaixonados por esse texto e pelo legado de Nelson Rodrigues. E ela é uma atriz “rodrigueana” por excelência, assim como o Thelmo Fernandes. Esta montagem marca a minha primeira direção de uma obra do Nelson”, comenta o diretor.
Apagamento feminino
Em cena, Camila Morgada interpreta Zulmira, uma dona de casa que, ao descobrir que está à beira da morte, resolve organizar o seu funeral, como se fosse o maior evento da sua vida. Porém a cerimônia de luxo e pompa tem um preço que nem ela, nem o marido Tuninho, que está desempregado, podem pagar. Para concretizar o sonho de uma despedida suntuosa, Zulmira precisará arriscar um grande segredo, que pode mudar o rumo da história.
“A Zulmira é um dos personagens femininos do Nelson Rodrigues que eu considero um dos mais complexos, porque ela passa por várias camadas. Ela passa pela obsessão, inveja, pelo amor profundo, pelo ódio, pela ternura e vingança. Ela tem uma trajetória muito grande na peça”, comenta Camila Morgado. Apesar da peça ter 71 anos, destaca a atriz, as temáticas abordadas se comunicam muito bem com a sociedade de hoje.
Para Camila, Zulmira é a metáfora dos seres que não tem voz, que são apagados pela sociedade. “No caso dela estamos falando desse apagamento feminino”, diz. O enterro de luxo seria uma forma dela ser vista pela sociedade. “Achamos que isso seria uma grande metáfora para falar sobre os dias de hoje, falar sobre o quanto esse apagamento feminino ainda se faz presente”, fala.
Para a atriz é uma grande alegria revisitar um texto tão emblemático de Rodrigues, que faz parte da formação cultural da atriz. “É o nosso grande escritor. Nelson era um escritor extremamente popular, mas ele escrevia muito bem. Acho que a gente pode falar que ele era erudito e popular ao mesmo tempo. A linguagem dele era muito popular, a forma de falar, as interjeições da época, o jeito malandro, mas a escrita dele era extremamente erudita”, argumenta.
Agende-se
O quê: espetáculo A falecida
Quando: terça-feira (19), às 20h
Onde: Theatro Guarany, rua Lobo da Costa, 849
Ingressos: Plateia – Inteira: R$ 160,00; meia-entrada: R$ 80,00; camarotes – Inteira: R$ 150,00; meia-entrada: R$ 75,00