Com doutorado em computação pela UFPel, Ulisses Brisolara Corrêa, 40 anos, atua como docente na universidade, com foco em disciplinas de inteligência artificial. Em pesquisa, sua linha principal é em Sistemas Inteligentes, onde desenvolve e aplica modelos de aprendizado de máquina e inteligência artificial a problemas complexos e multidisciplinares, colaborando com áreas como agronomia, saúde e biotecnologia.
Ele é membro ativo do Hub de Inovação em Inteligência Artificial (H2IA), uma iniciativa da UFPel, trabalhando na criação de soluções baseadas em IA para atender a demandas de empresas e promover a inovação regional.
Em 12 de dezembro, estará participando do Workshop de Inteligência Artificial da UFPel, no Instituto Rampa, em Pelotas. O evento reunirá grupos de pesquisa que utilizam IA ou desenvolvem novas técnicas na área.
Como os projetos apresentados no Workshop utilizam IA? Pode dar algum exemplo?
Os grupos que participarão do workshop de IA da UFPel utilizam inteligência artificial para resolver problemas em várias áreas, cada um aplicando a IA conforme a necessidade de sua pesquisa. Alguns pesquisadores usam softwares prontos, que não exigem programação, enquanto outros colaboram com especialistas em computação ou aprendem a programar para adaptar a IA aos seus projetos.
Além disso, muitos alunos e professores de diferentes áreas participam das disciplinas de IA no Programa de Pós-Graduação em Computação, o que facilita o uso de IA em diversas frentes. Exemplos de projetos incluem:
– Uso de IA para detectar estresse em plantas, ajudando a identificar problemas antes que eles afetem a produtividade agrícola.
– Melhorias em algoritmos de compressão de vídeo, que tornam os vídeos menores sem perder qualidade.
– Redes neurais para previsão meteorológica, aumentando a precisão das previsões.
– Aplicação de IA na educação básica, para personalizar o aprendizado dos alunos.
– Pesquisas sobre a regulamentação e ética da IA, que exploram o uso responsável dessa tecnologia.
Como o evento pode ajudar a esclarecer o uso das IAs, considerando o crescimento e ainda o desconhecimento sobre elas?
O evento busca conectar pesquisadores e profissionais interessados em aplicar IA em diferentes áreas, apresentando exemplos práticos e avanços científicos que ajudam a esclarecer o que é, de fato, inteligência artificial. Um dos principais objetivos do Hub de Inovação em Inteligência Artificial é promover a compreensão e o uso responsável da IA, incentivando boas práticas para evitar o uso inadequado dessas tecnologias, especialmente por pesquisadores de outras áreas e por empresas.
Ao mesmo tempo, o evento ajuda o público em geral a entender melhor o que é a IA e em quais aspectos devemos ter atenção ao interagir com sistemas inteligentes. Dessa forma, além de impulsionar o desenvolvimento da IA, o workshop contribui para o letramento em IA, ajudando a sociedade a lidar com essas tecnologias com mais segurança e clareza.
Acredita que as IAs podem substituir profissões? Como elas podem ser integradas sem prejudicar os profissionais?
Vejo a evolução tecnológica como um processo natural que leva à transformação ou até ao fim de algumas profissões ao longo do tempo. A sociedade já passou por isso antes – profissões como acendedores de postes de luz, telefonistas que conectavam chamadas, ou mensageiros desapareceram com o avanço de novas tecnologias.
O mesmo ocorre com algumas ocupações hoje, como caixas de mercado ou leitores de medidores, que podem se tornar menos necessárias, mas isso nem sempre é uma consequência direta da inteligência artificial. A IA, no entanto, certamente está mudando a forma como algumas tarefas são realizadas, tornando-as mais rápidas e produtivas.
Isso pode levar a uma menor demanda por profissionais em determinadas funções, mas não significa que todos os trabalhadores dessas áreas serão substituídos. Em vez disso, o papel de muitos profissionais pode evoluir, exigindo que aprendam a usar ferramentas de IA para aumentar sua produtividade.
O importante é preparar as pessoas para utilizar essas ferramentas de forma eficaz, entendendo até onde elas são confiáveis e onde ainda é necessário o julgamento humano. Isso requer um letramento em IA, mas também um conhecimento prático sobre suas aplicações e limitações.
Esse processo ajudará os profissionais a se adaptarem às mudanças, mantendo-se relevantes em diferentes contextos de trabalho.
