Esta quinta-feira (14) é o Dia Mundial do Diabetes. O médico e professor da UFPel da área de endocrinologia, Eduardo Coelho Machado, 47 anos, fala sobre os tratamentos para a doença e os avanços no controle de sua progressão. Eduardo tem residência em clínica médica pela UFPel, residência em endocrinologia pela UFMG, mestrado em epidemiologia também pela UFPel, além de ser coordenador do Programa de Residência Médica em Endocrinologia da UFPel, com 15 anos de atuação docente.
Quais são os principais fatores de risco para o desenvolvimento de diabetes tipo 1 e tipo 2?
São duas doenças completamente diferentes. O diabetes tipo 1 é uma doença imunológica, não existe uma prevenção. Em geral acontece em crianças, tem uma certa característica genética associada, mas essas crianças ficam diabéticas e não tem nada que se possa fazer para prevenir o surgimento dessa doença, atualmente. O diabetes tipo 2, sim. Mais de 90% dos casos de diabetes no mundo são para o tipo 2. Ele é associado com obesidade, estilo de vida sedentário e outros fatores de risco cardíacos. O ganho de peso progressivo associado a fatores genéticos que predispõem um indivíduo a desenvolver diabetes é o que gera a doença. Dessa maneira, existe prevenção. A manutenção no estilo de vida saudável, de atividade física regular, de uma dieta saudável, de um peso adequado, uma alimentação saudável, pode reduzir a chance de desenvolver diabetes.
Quais são os tratamentos mais eficazes e os avanços recentes para o controle da doença?
Medicamentos e tratamentos que reduzem o peso também têm ação sobre a redução do risco de desenvolver diabetes, por exemplo, cirurgia bariátrica para grandes obesos. E essas drogas novas que são utilizadas para a perda de peso, quando em pessoas com excesso de peso, reduzem a progressão da doença. Nos últimos dez anos, muitos remédios novos surgiram. No diabetes tipo 1, insulinas modernas são mais confortáveis de utilizar, métodos não invasivos de monitorização da glicemia surgiram para facilitar o controle da doença e o menor risco de complicações crônicas. As bombas de infusão com insulina também melhoraram, embora com custo muito alto. No diabetes tipo 2, várias drogas surgiram com a capacidade de reduzir a glicemia, reduzir o peso e também diminuir o risco de morte e de eventos cardíacos em pacientes de alto risco. Existem avanços nas tecnologias, como dispositivos, softwares e aplicativos que permitem com que o paciente conte a sua carga de carboidrato ingerida, ajuste as suas insulinas. A inteligência artificial também chegou para auxiliar nesse processo. Apesar de ter todo esse avanço, segue necessário estar focado num estilo de vida saudável e na manutenção de um peso saudável.
Como a dieta e a atividade física impactam no manejo do diabetes?
Todos os tratamentos para o diabetes são associações de fármacos com mudanças no estilo de vida. Então, um estilo de vida mais saudável é central e necessário para um bom tratamento do diabete. Eu costumo dizer para os pacientes que o tratamento do diabete é como se fosse um tripé. Tem um estilo de vida saudável e nesse estilo de vida, então, um dos pés é a dieta saudável, o outro é a prática regular de exercícios físicos (de força associados a aeróbicos). E o terceiro pé desse tratamento seria o uso das medicações. Se tu tirares um dos pés, a chance desse tripé se manter em pé é nula. Para conseguir tratar efetivamente o diabetes é preciso esse trinômio agindo em conjunto.