Feira do Livro é retomada pelo município em 1978
Edição 19 de julho de 2024 Edição impressa

Terça-Feira12 de Novembro de 2024

Opinião

Ana Cláudia Dias

Ana Cláudia Dias

Coluna Memórias

Feira do Livro é retomada pelo município em 1978

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Depois de um hiato de 15 anos a Feira do Livro de Pelotas voltou a ser realizada. O evento ocorreu entre os dias 28 de novembro e 5 de dezembro de 1978, realizado pelo Departamento de Cultura da Secretaria Municipal de Educação e Cultura, em parceria com a Câmara Rio-grandense do Livro, na praça Coronel Pedro Osório. Pela primeira vez a iniciativa ocorreu no mesmo período da Feira do Livro de Porto Alegre.

Naquele ano também teve a estreia da figura do patrono, que foi o jornalista Irajá Moraes Nunes, falecido em 1977. Nesta retomada, os 10 estandes do evento, que antes eram emprestados dos livreiros da capital, foram construídos pela prefeitura.

Entre os autógrafos em destaque na Feira do Livro estava o escritor, músico, professor e político José Fogaça de Medeiros que lançou em Pelotas Uma geração amordaçada. Dos autores locais teve destaque naquele ano o lançamento da coletânea de crônicas Rua da Primavera, 22, da professora Maria do Carmo Haertel (1928-2009) Sobral, conhecida no Estado como cronista e contista. 

A professora aposentada Regina Balzano de Mattos, 80, foi aluna de Maria do Carmo no Colégio Pelotense, quando estava no 5º ano, na década de 1950. “O Colégio Pelotense, tinha não sei se o nome era Canto Orfeônico ou Canto Coral a disciplina, e ela dava música pra nós”, relembra Regina que foi diretora do Conservatório de Música da UFPel, na década de 90.

Como gostou muito do contato com a música, a pequena Regina foi aprofundar conhecimentos no Liceu Musical Palestrina, na rua General Osório, no centro de Pelotas. A escola era da professora Maria Amélia Perez Wrege, que tinha no seu quadro de professores Maria do Carmo Haertel Sobral. 

Regina descreve a cronista Maria do Carmo como “uma pessoa boníssima”, com quem ela se aproximou, depois de casada, porque os maridos das duas eram colegas de trabalho. “A nossa relação continuou e a gente sempre recordava daquele tempo”, conta.

Maria do Carmo era filha de Leopoldo Guilherme Haertel, fundador da Cervejaria Sul-Riograndense, de 1889, conhecida como Cervejaria Haertel. O complexo onde eram produzidas as cervejas fica na Zona do Porto de Pelotas, entre as ruas Benjamin Constant, José do Patrocínio, Conde de Porto Alegre e João Pessoa. O local hoje pertence à Universidade Federal de Pelotas.  

“Prodígio”

Em 1956, Regina se formou em Teoria e Solfejo pelo Liceu. Na sua turma estava um jovem virtuose chamado José Luís Marasco Cavalheiro Leite, que casualmente é o patrono da 50ª Feira do Livro de Pelotas, que está ocorrendo agora. “O Marasco tinha uma facilidade enorme de tocar, era um menino prodígio”, relembra a professora, que também foi colega do professor Marasco no Conselho Universitário.

Também foi aluna de Maria do Carmo a cantora lírica Rute Ferreira Gebler.  

Fontes: Diário Popular/Acervo Bibliotheca Pública Pelotense; Youtube – Projeto Lugares do Porto- Episódio 4, com pesquisa, texto e narração de Guilherme Pinto de Almeida; https://ancestors.familysearch.org/

Há 100 anos

Leonardo Truda visita jornal local e conta novidade na imprensa gaúcha

O jornal A Opinião Pública registrou a visita do jornalista Leonardo Truda (1888-1942). Segundo a publicação, o porto-alegrense estava em Pelotas para tratar de interesses de um “grande jornal”, que seria inaugurado em breve na capital dos gaúchos. Truda antecipou que o empreendimento estaria sob a sua direção. 

O jornal a qual se referia era o Diário de Notícias, fundado em em 23 de outubro de 1924, com a criação da Sociedade Anônima Gráfica Porto-alegrense. Porém a primeira edição foi para às ruas em 1º de março de 1925, tendo como diretores Francisco de Leonardo Truda, Raul Pilla, Adroaldo Mesquita da Costa, João Pedro Moura e outros. 

Com problemas financeiros, no final da década de 1920, foi comprado em 1930 por Assis Chateaubriand, passando a integrar o império dos Diários Associados. Para isso, Chateaubriand contou até com dinheiro da chapa de Getúlio Vargas à presidência, a Aliança Liberal. Foi um dos mais importantes jornais do Rio Grande do Sul. Em Porto Alegre trabalhava acompanhado da pioneira no Estado TV Piratini, da Rádio Farroupilha e da Revista Campo.

Homenagens

Truda era também musicista e economista. Ativista cultural, foi um dos fundadores do Instituto Geográfico e Histórico do Rio Grande do Sul. O nome batiza uma travessa na capital, onde foi homenageado com um busto na praça da Alfândega, Centro Histórico de Porto Alegre. A obra foi inaugurada em 17 de novembro de 1956, em um local em frente onde funcionou o Diário de Notícias. 

Fontes: A Opinião Pública/Acervo Bibliotheca Pública Pelotense; wikipedia.org; https://arquivopoa.blogspot.com/

Há 50 anos

Público se mostra indiferente a nova promoção do comércio

Sem Feira do Livro, para a comunidade de Pelotas foi criada a Semana do Livro, entre o final de outubro e a primeira semana de novembro. Porém os livreiros perceberam que os clientes estavam indiferentes ao evento. O gerente da livraria Mundial, Alfredo Macedo, disse que a compra de livros estava no volume normal. 

O chefe da divisão de Livros  da Livraria do Globo, Nilo Pinho, não percebeu alteração significativa na procura por livros, durante o evento. Além da Semana do Livro, a livraria estava também com a Quinzena do Livro, oferecendo novidades lançadas na Feira do Livro de Porto Alegre. 

Fonte: Diário Popular/Acervo Bibliotheca Pública Pelotense

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