Pelotas concorre com quatro invernadas na principal modalidade do Enart

Tradicionalismo

Pelotas concorre com quatro invernadas na principal modalidade do Enart

Evento ocorre de 15 a 17 de novembro, em Santa Cruz do Sul, sendo o mais disputado concurso de arte e dança amador da América Latina

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Pelotas concorre com quatro invernadas na principal modalidade do Enart
Grupo principal de danças tradicionais reúne 80 invernadas

Mais de dois mil tradicionalistas entre dançarinos das invernadas, declamadores, sapateadores, instrumentistas e intérpretes vão estar reunidos entre os dias 15 e 17 de novembro no parque da Oktoberfest em Santa Cruz do Sul para mais uma edição do Encontro de Artes e Tradição Gaúcha (Enart). E como é de costume, Pelotas estará representada por quatro entidades e Centro de Tradições Gaúchas (CTGs). A mescla de ansiedade, expectativa e comprometimento combina com a dedicação de cada competidor. Na reta final dos ensaios, os encontros se iniciam por volta das 22h e entra madrugada, sem contar os finais de semana. A recompensa está no verdadeiro espetáculo que cada grupo entrega aos espectadores. No próximo final de semana, por exemplo, alguns irão dar uma mostra do que será apresentado na mais acirrada disputa de arte e folclore amador da América Latina.

A promoção é do Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG) desde 1986 e por abranger centenas de entidades, ao longo do ano são feitas seletivas, divididas em etapas regionais e inter-regionais, pelas quais passaram os CTGs Farrapos, Carreteiros do Sul, Thomaz Luiz Osório e União Gaúcha João Simões Lopes Neto. Estima-se mais de dois mil concorrentes por ano, somente na categoria de Danças Tradicionais e mais de 60 mil espectadores na fase final.
Um dos pontos altos do evento e que foi inserido há dois anos é a categoria Inclusão Dança de Salão Gaúcha para casais com deficiência (PCDs), sendo que a seletiva foi no CTG Lanceiros da Querência Bernardino de Armas, em Jaguarão. Entres as modalidades do Enart, tem a chula, danças gaúchas de salão, conjunto instrumental, violino ou rabeca, gaitas, violão, viola, causo gauchesco de galpão, pajada, concurso literário gaúcho, declamação, trova galponeira, conjunto vocal e solista vocal.

Danças Tradicionais

A modalidade é dividida em Forças A e B. São 80 grupos, sendo 40 em cada divisão. Têm 20 minutos para fazer sua apresentação que inclui entrada (dança de criação livre mas inspirada em elementos da tradição gaúcha), três danças clássicas tradicionais e saída – mesma premissa da entrada. São 25 danças tradicionais e os grupos só tomam conhecimento de quais apresentarão poucos minutos antes do espetáculo, por meio de um sorteio. A avaliação leva em conta critérios técnicos e minuciosos de quesitos, avaliados aparte, como harmonia, interpretação artística e correção coreográfica, além de indumentária e da avaliação musical. Cada grupo de dança tem um conjunto musical próprio, que toca as músicas ao vivo.

Preparativos
União Gaúcha João Simões Lopes Neto


A União Gaúcha participa do Enart desde 1990, competindo em várias modalidades, com destaque para o grupo de danças adulto, que é o único no Estado a competir ininterruptamente desde 2001. Atualmente, o elenco conta com 16 pares e seis músicos, além de uma equipe dedicada de coordenação, instrutores, posteiros e apoio. O grupo permanece o mesmo desde o fim da pandemia, seguindo o lema “Pelo Rio Grande e as Tradições, tudo!”. A união colabora para a hegemonia e cumplicidade dos pares. Para esta edição os ensaios se iniciaram em fevereiro. Houve uma pausa forçada, quando a enchente de maio, quando muitos dançarinos se engajaram em campanhas de arrecadação e distribuição de doações para ajudar a comunidade. De volta aos preparativos, são cinco vezes por semana: terças, quartas e sextas das 21h às 0h30min e nos sábados e domingos, das 15h às 20h.
De acordo com a patroa interina Marlene Reis Lopes, a escolha do tema busca representar a cultura local, com uma coreografia que valorize a indumentária e de alguma forma possa impactar o público. “Mantemos nossa marca de elegância e exploramos a emoção dos dançarinos e espectadores, sempre respeitando a tradição gaúcha, sem ‘invenções’”. Para entrar dentro do espírito do evento, a coordenação pesquisa o tema profundamente, definindo músicas e figurinos para que, quando apresentado ao grupo, se tenha uma visão completa e autêntica. Todos os integrantes estudam a proposta para transmitir a verdade e respeitar a cultura do RS. A entidade tradicionalista mais antiga do Estado participa ainda nas modalidades: declamação masculina com Samuel Albuquerque Maciel, que compete em Contos e Causos.

CTG Coronel Thomaz Luiz Osório

Thomaz Luiz Osório participar com 17 a 20 parte da competição

São 30 anos de participação da invernada adulta do CTG que tem como lema “Com o laço da amizade, unimos a gauchada”. Para o Enart, a entidade reúne de 17 a 20 pares em média, variando a cada ano. “Nós nos preparamos o ano inteiro. No início, a frequência dos ensaios costuma ser em média duas vezes por semana. Ao longo do ano, aumenta e, quando estamos perto da data do Enart, às vezes temos ensaios todos os dias”, revela o patrão do CTG, Mauro Real Heidrich. Ele conta que o tema de entrada sempre é relacionado com o tradicionalismo. “A partir de uma ideia que surge na maioria das vezes entre os coordenadores do grupo, é feita uma pesquisa para fundamentar o tema com a história que ocorreu de fato, e em conjunto com o coreógrafo damos vida ao mesmo, sempre considerando a mensagem que queremos passar ao público”.
Uma vez definido, os coordenadores e o coreógrafo explicam aos dançarinos sobre o que se refere a proposta e qual o olhar sobre esse tema que pretende destacar e transmitir ao público. “Trabalhamos o conhecimento da história do RS, pois apesar de conhecermos no “geral” alguns temas são bem específicos e até nos surpreende quando estudamos com outro olhar”. Para o grupo, a expectativa é sempre de superação. A entidade também conta com as categorias de declamação, dança de salão, instrumentista, chula, entre outras.

CTG Carreteiros do Sul

Dançarinhos do CTG Carreteiros do Sul ensaiam todo ano

Vinculada ao Instituto Federal Sul Rio-grandense, o Carreteiros do Sul, que tem o lema: No lastro da carreta carregamos a tradição”, participa do Enart há 15 anos com a invernada adulta. São 31 dançarinos, mas com 12 pares, devido ao número desproporcional de prendas e peões. Para mais uma edição do Encontro de Arte, os preparativos se iniciaram no mês fevereiro, período dedicado ao alinhamento e definição do que será trabalhado ao longo do ano. “Nossos ensaios iniciaram com três vezes durante a semana, porém intensificamos o ritmo em busca de melhorar cada vez mais, e atualmente estamos com cinco vezes na semana”, revela a assessora de comunicação e dançarina, Manuela Corrêa Bragamonte.
O patrão e instrutor do CTG, Thiago Rezende de Ávila, conta que para a escolha do tema é levado em consideração a forte ligação com o grupo. “É preciso que os dançarinos “comprem” a ideia e a tornem forte e consistente.” Depois é preciso que a proposta seja absorvida pelo público, pensando em músicas e alegorias/acessórios que ajudem a contar de forma visual e dinâmica o tema proposto. Todos os integrantes conhecem e estudam o tema e é uma forma de conhecimento histórico. “Escolhemos um dia para apresentar a temática aos dançarinos, onde os recursos visuais e sonoros mostram o objetivo do que buscamos representar, além de trazer o histórico e sua importância”, explica Manuela.

CTG Os Farrapos

CTG Farrapos retorna à competição

O CTG os Farrapos entrou na competição em 2000 e para honrar o lema da entidade: “Na Terra das Charqueadas, recrutando as tradições”, os 13 pares estão afinados para voltar à disputa no Enart, uma vez que ficou 14 anos sem competir. Para isso, o grupo ensaia o ano inteiro, sempre às quartas e sextas-feiras e aos domingos. Para o 24º ano de participação, a invernada irá fazer uma releitura do tema de 1998, quando tentava se classificar na inter-regional. “Fala sobre o trovão e que logo após se vem o amor e a esperança nos fazendo conquistar a classificação”, conta a dançarina Manuela Mendes de Lima, 19.
A temática, uma vez apresentada aos pares, passa a ser estudada para que todos desempenhem e entendam melhor a história e o papel na coreografia. “O tema faz parte da nossa cultura, trazendo lembranças afetivas que aprendemos com nossos antepassados e que fazem parte da cultura do nosso Estado”, comenta a jovem prenda. O retorno após 14 anos longe da competição tem gerado grande expectativa aos dançarinos, pois representa inserir novamente o nome da entidade no concurso que é uma grande vitrine. “Sabemos que estamos no início de uma linda história e vamos dar nosso máximo para conquistar tudo ao nosso alcance”.
Dentro do clima de reestreia, participar do Encontro de Dança significa um sonho realizado para os pares. “

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