A possibilidade de um novo porto no Rio Grande do Sul traz temor à Zona Sul. O fato de uma concorrência interna ao terminal público de Rio Grande ter apoio dos políticos do Estado, incluindo o governador Eduardo Leite (PSDB) e o ministro Paulo Pimenta (PT), traz muitas preocupações à região. Afinal, qual a necessidade de despender recursos públicos em um porto que sequer existe e precisaria de absolutamente toda a estrutura viária de acesso, dragagem e implementação para funcionar? Por qual motivo, então, não se trabalha para fortalecer ainda mais Rio Grande e tornar a região um dos principais polos logísticos do país?
Concorrências são positivas em quase todos os cenários, mas o que explicaria criar um novo porto do nada, com incentivos públicos, sendo que a Portos RS vem em constante crescimento? A região precisa de um forte investimento, é óbvio, para atingir seu potencial. A duplicação da BR-116, a finalização do lote 4 da BR-392, a ligação a seco entre Rio Grande e São José do Norte e uma segunda ponte sobre o São Gonçalo são os fatores essenciais para tudo isso funcionar perfeitamente. Soma-se também o eterno clamor pelo barateamento do pedágio, com data para ser resolvido, a princípio. Assim como a BR-116. A ligação a seco e a segunda ponte estão na pauta. Ou seja, há um caminho claro e sendo percorrido.
O governador afirma apoio para implementar o terminal. O único ministro gaúcho também, bem como outros expoentes do governo federal. Leite diz que serão adotadas todas as medidas para a manutenção da competitividade e não acredita que isso afetará Rio Grande. É, sem dúvidas, uma aposta. Parte significativa da produção deixará de ser exportada por aqui.
Talvez não seja papel do governador travar uma obra que, de certa forma, trará benefícios para o Estado. Mas também trará prejuízos para uma região que já é uma das que enfrentam maiores dificuldades para seu desenvolvimento. Leite, que é daqui, deveria entender mais do que todos isso e esse apoio, entre as lideranças da Zona Sul, caiu como uma bomba. São muitas as reclamações. Com o enfraquecimento de um dos seus principais polos de geração de emprego e renda, o que o futuro reserva?