Popularidade crescente do halloween movimenta festas e vendas

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Popularidade crescente do halloween movimenta festas e vendas

Celebração tem se tornado fenômeno cultural no Brasil; na cidade a procura por itens movimenta o comércio

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Popularidade crescente do halloween movimenta festas e vendas
Lojistas apontam aumento de até 300% nas vendas em outubro, impulsionadas pelas festas de halloween. (Foto: Jô Folha)

Apesar de 31 de outubro ser o Dia do Saci, figura folclórica do Brasil, com a globalização o halloween americano se tornou o cerne das festividades no país. Desde as crianças que saem fantasiadas, batendo em portas de vizinhos e entoando a famosa frase “gostosuras ou travessuras”, aos adultos e adolescentes que frequentam festas a fantasia, a cultura estrangeira movimenta atividades e vendas no comércio local.

Em Pelotas não é diferente. O interesse da população pelo halloween pode ser constatado pelas vitrines de lojas cheias de fantasias e itens de decoração. Em uma das lojas que comercializam itens para festas, a véspera do dia 31 foi de corredores lotados durante todo o expediente. Conforme a proprietária Natiele Rodrigues, em outubro as vendas aumentam em 300% em comparação ao mês anterior. “Todo ano é esse movimento, a loja se prepara com mais novidades e tendência todo o ano para outubro”.

Diante da grande procura, a loja se prepara para o halloween do próximo ano já após o término deste. Conforme a proprietária, a movimentação em busca dos itens assustadores inicia a partir do dia 25. “Tudo que é lugar faz o halloween, é uma data muito animada e as crianças gostam mais do que do Dia das Crianças. Porque eles se fantasiam, se divertem, comem doces”. Para a sua felicidade, Natiele aponta que “a data vem crescendo a cada ano”.

Do trabalho a escola

Uma das clientes que procurava a fantasia ideal era Rosana Jepsen, 55 anos. A compra foi motivada porque no trabalho foi marcada uma confraternização de halloween. “Tenho que ter pelo menos alguma peça alusiva ao dia”. Para ela não importa a origem da comemoração, mas sim a diversão. “Tudo que vem para alegrar é válido”.

Já o pai Lenon Maciel procurava entre as araras uma fantasia do pânico para o filho Davi, seis anos, usar na festa com os colegas da escola. “É bem legal, no colégio dele tem todos os anos e eles gostam bastante. E já vou aproveitar para o carnaval”, relata.

A popularização do Halloween

O professor do curso de Letras – Português e Inglês da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Eduardo Marks, explica que apesar do halloween ter sido popularizado pelos Estados Unidos, a origem da festa remonta à Idade Média na Irlanda e Escócia. “Tinha a ver com a questão de ser uma festa para marcar o final da colheita e o início do inverno”.

Conforme Marks, a festividade chega ao Brasil por meio da mídia e ganha força pelas características que chamam ao apelo popular, como as fantasias, a socialização e os elementos sobrenaturais. “A gente consome filmes, séries, que mostram como as coisas funcionam no halloween e tem a questão da monetização do mercado”.

O professor, que ministra a disciplina de cultura e civilização anglo-americana, explica que o fenômeno do halloween no país tropical é semelhante à grande adesão à black friday, data comercial de promoções após o dia de Ação de Graças. “Isso vem muito por uma questão midiática e de indústria cultural”, complementa.

A socialização

Para Marks, a possibilidade de usar uma fantasia, incorporar um personagem e poder socializar em um ambiente diferente do usual são fatores que atraem as pessoas para as celebrações. “É uma data que joga muito com o imaginário”. Além disso, com a inserção das crianças na brincadeira de pedir doces aos vizinhos, o professor destaca que assim como nos Estados Unidos a prática inspira o espírito de comunidade. “Eu moro em um condomínio e todo mundo está se preparando, identificando as casas que querem participar, tem esse envolvimento já com uma certa antecedência”.

Halloween como uma data local

Com a adesão popular e o grande mercado encontrado pelo comércio no halloween, o professor projeta que a tendência é um crescimento cada vez maior da data como uma comemoração nacional. “Tem gente que critica falando da apropriação cultural como algo negativo, mas é tão válido celebrar a nossa cultura como poder abraçar outros elementos culturais. Aposto que daqui a dez anos, a coisa vai estar tão integrada que a gente nem vai mais fazer tanta distinção de onde veio”.

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