Uma figura importante no cenário histórico cívico-militar do Estado visitou Pelotas nesta quarta-feira (30). O historiador e militar do Exército Brasileiro, Cláudio Moreira Bento, com 92 anos, detém o posto de presidente da Federação de Academias de História Militar Terrestre do Brasil e da Academia de História Militar Terrestre do Brasil (AHIMTB) de Resende, no Rio de Janeiro, órgão que fundou em 1986.
Natural de Canguçu, Cláudio é filho de Conrado Ernani Bento e Cacilda Moreira Bento. Ele começou sua trajetória como pesquisador histórico no jornal Diário Popular, em 1970, com um texto de estreia que falava sobre as charqueadas de Pelotas. Ao todo, foram 126 artigos veiculados no periódico. “Tenho alguns recortes e outra boa parte que recuperei está no meu site. Sobre a Zona Sul, muita coisa escrevi”, diz o historiador.
“Tirei Canguçu do esquecimento”, afirma Moreira Bento, em determinado ponto da conversa. Segundo ele, a cidade não constituía memórias documentadas, com histórias que se perdiam em meio às gerações das famílias. Isso o motivou a desenvolver obras sobre a comunidade, além de fundar a Academia Canguçuense de História. “Talvez seja a comunidade com a história mais bem escrita”, acredita.
Vocação de vida
Conforme conta, descobriu uma vocação direcionada à história aos oito anos. Sentimento de amor pela literatura que teve origem em um livro que o pai tinha, escrito por um historiador pelotense. O Espírito das Águas Brasileiras era o nome da obra. Daí em diante, a história lhe contaminou, ou a escassez dela. “Ainda me sentia perdido. Parecia que havia crescido em um município marginal, sem história”, pondera.
Assim que saiu de Canguçu, ainda jovem, foi chamado para servir ao quartel. De soldado, passou a cabo, e então se tornou sargento. Entrou na escola preparatória de cadetes, local em que permaneceu por dois anos, até o momento de ir para a academia militar, onde se estabeleceu como historiador. De lá para cá, ele já produziu 328 livros físicos e digitais.
“Seis destas obras são sobre a Academia Militar das Agulhas Negras”, cita Cláudio. “Sou feliz por ter sido oficial do exército. Isso me deu condições de escrever história. Me sustentava e me usava como historiador. Ainda me sinto realizado como historiador. Aos 93 anos, todos as manhãs tenho alguma coisa boa para fazer”, argumenta.
Legado
Relembrando da relação do pai com narrativas históricas e o hábito da pesquisa, o historiador se emociona ao falar do potencial legado que pretende deixar aos amantes de temas tão importantes em sua vida. “Conrado Ernani Bento, tenho muito respeito por ele. Ele passou a paixão pela história e pelo exército também”, frisa.