“Inserir um momento de leitura no cotidiano das pessoas”

Abre aspas

“Inserir um momento de leitura no cotidiano das pessoas”

Roberto Giovanaz, 32, coordena revista com publicação de textos autorais e autores convidados

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“Inserir um momento de leitura no cotidiano das pessoas”
Giovanaz é natural de Nova Bréscia e mora há 14 anos em Pelotas. (Foto: Christian Bertuol)

Natural de Nova Bréscia (RS), Roberto Giovanaz, 32 anos, veio morar e estudar em Pelotas em 2010. Formado em jornalismo pela UFPel, passou por grandes veículos de imprensa e assessoria locais. Paralelo a isso, criou em 2023 a revista literária As palavras também se levantam, uma publicação com textos autorais e de autores convidados. Na primeira edição, os textos foram distribuídos gratuitamente e aleatoriamente em mais de 350 caixas de correspondência de Pelotas. A primeira edição contou com a participação de Mananegra (Marielda Barcellos Medeiros), autora de Sonoridade Adinkra, e Daniel Moreira, autor de Poemas Urbanos, [Re]versos e Atrás da Curva do Vento.

Como é a lógica de funcionamento da entrega de publicações?

A ideia da revista é circular produções da nossa cidade e fazer elas encontrarem leitores e leitoras daqui. Fazer a literatura circular também fora dos livros e se inserir como um elemento surpresa dentro do cotidiano de quem está acostumado a receber contas pra pagar, panfletos de propaganda e convites religiosos. Teve uma pesquisa recente da Câmara Brasileira do Livro que apontou as principais dificuldades para o acesso à leitura e literatura no país: preço dos livros, não ter livraria por perto e não ter tempo. A revista, de alguma forma, é um enfrentamento a isso. Ela tem distribuição gratuita, os textos são curtos e rápidos de ler e a pessoa recebe na caixa de correspondência de casa.

Os temas das publicações são variados e aleatórios? Como é o processo de produção?

São livres. Cada autor ou autora faz uma seleção de poesias, minicontos, minicrônicas. A revista tem um compromisso com a diversidade da produção literária local. E também ser um espaço para pessoas que não têm acesso a editoras e a possibilidade de publicar um livro. De alguma forma, inserir estes criadores na roda da literatura local.

Na sua opinião, quais os efeitos que esses textos podem causar nas pessoas?

Eu sinceramente não sei te responder isso. Mas acredito que pode gerar um momento de leitura, um momento de sair das telas, um momento para se conectar com alguém que cria dentro deste mesmo território que habitamos. Que vive os mesmos problemas que nós. Às vezes, caminha pelas mesmas calçadas e enxerga aquilo que nossos olhos também veem. É uma possibilidade de inserir um momento de leitura no cotidiano das pessoas. A gente consegue fomentar e criar novos públicos de leitores, sinto que é necessário. A gente precisa de arte para sobreviver.

O que é preciso fazer para receber os seus textos no endereço?

Existe uma conta no Instagram: @levantapalavras. Lá dá para acompanhar as novas edições, ler os trabalhos já publicados e enviar o teu endereço para receber. Já estou preparando uma nova edição que vai circular pela cidade até o final deste ano.

Há alguma ação que pretende participar em breve?

Neste último mês, fui selecionado pelo Sesc-RS no projeto Circula Sesc Artistas Gaúchos pelo Brasil, uma iniciativa envolvendo artistas de cidades atingidas pelas enchentes, que serão enviados para 19 estados do Brasil em ações de literatura, música e artes cênicas. Eu vou pra Paraíba falar deste projeto em João Pessoa e Campina Grande na próxima semana, entre 3 e 8 de novembro.

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