Há 100 anos
A imprensa local relembrou a passagem da família real brasileira por Pelotas em 1865. Na edição de 24 de outubro de 1924, por exemplo, o Diário Popular reproduziu algumas das impressões do francês Louis Philippe Marie Ferdinand Gaston, o Gastão de Orleáns ou o conde D’Eu, genro do imperador dom Pedro II, marido da princesa Isabel.
Dom Pedro II chegou a Pelotas em 24 de outubro daquele ano vindo de Jaguarão, na canhoneira “Cachoeira”. “Um navio de guerra, dotado de canhões”, explica o pesquisador Guilherme Pinto de Almeida. Junto com o imperador vieram os genros conde D’Eu e Duque de Saxe, o ministro da guerra, conselheiro Angelo Muniz da Silva Ferraz, ajudantes de campo marquês de Caxias (na época marechal) e o tenente-general Francisco Xavier Cabral.
Autoridades, populares e religiosos esperaram o batalhão de Guardas Nacionais no porto da cidade. Após o desembarque a comitiva seguiu pela rua São Domingos (atual Benjamin Constant) até a Félix da Cunha e por esta até a igreja matriz (Catedral São Francisco de Paula), onde foi feita uma celebração e entoado Te Deum (hino de louvor e ação de graças que é frequentemente rezado na Liturgia das Horas).
Após, Dom Pedro II e familiares foram hospedados no sobrado da rua Félix da Cunha esquina com Tiradentes existe até hoje e foi adaptado para abrigar o Centro de Tecnologia do Senac Pelotas, que será inaugurado dia 18 de novembro.
Bela e próspera
Em um diário, que foi revelado em 10 de fevereiro de 1920, o ex-príncipe consorte registrou em detalhes as circunstâncias de sua visita ao Estado, por causa da Guerra do Paraguai (de 1864 a 1870). Sobre o município registrou: “Depois de ter percorrido duas vezes em toda a sua largura a província do Rio Grande do Sul: depois de se ter estado em suas pretensas cidades e vilas, Pelotas aparece aos olhos encantados do viajante como uma bela e próspera cidade”. E prossegue: “As suas ruas largas e bem alinhadas, as carruagens que as percorrem (fenômeno único na província) sobretudo os seus edifícios, quase todos de mais de um andar, com as suas elegantes fachadas, dão ideia de uma população opulenta. De fato, é Pelotas a cidade predileta do que eu chamarei a aristocracia rio-grandense”.
Benfeitoria foi a herança
Essa visita deixou de herança a demarcação de uma importante via. Na obra Porto Memória, Guilherme Pinto de Almeida relembra que a estruturação do porto junto ao canal São Gonçalo e o surgimento da rua Benjamin Constant ocorreram durante um processo de “desenvolvimento econômico e expansão urbana” na década de 1930, porém interrompidos durante a guerra dos Farrapos. “O cais era simples, em estacada de madeira. Também a praça e a rua demoraram alguns anos a receber benfeitorias”, escreveu.
O primeiro nome da via foi rua da Indígena, provavelmente uma referência a presença aborgígene, posteriormente passou a se chamar São Domingos. “Em 1865 recebeu as primeiras benfeitorias, porque era preciso arrumá-la para melhor receber o imperador”, descreve o pesquisador.
O pesquisador e historiador Mario Osorio Magalhães também aborda o assunto no livro Os passeios da cidade antiga: “durante muito tempo a Benjamin Constant teve parte do seu trajeto interrompido por chácaras e plantações”. Até 1865, para se chegar ao centro “a partir da Praia (como eram conhecidas as margens do São Gonçalo, na zona do Porto) era preciso atravessar veredas, percorrer atalhos que se iam rasgando lentamente o interior da várzea”, conta o historiador. Com a vinda da família real brasileira, de navio, a “Câmara julgou que era chegada a hora de franquear o trânsito do Porto para o centro”.
Fontes: Diário Popular/Acervo Bibliotheca Pública Pelotense; Porto Memória (3ª edição), de Guilherme Pinto de Almeida; Passeios da Cidade Antiga (guia histórico das ruas de Pelotas), de Mario Osorio Magalhães
Há 50 anos
Pianista internacional faz concerto no Conservatório
Sob o patrocínio da Secretaria Municipal de Educação e Cultura (Smec) e do Programa Cultural de Ação Cultural do MEC, foi realizado o concerto do pianista de renome internacional Arnaldo de Azevedo Estrella (1908-1980). A apresentação ocorreu no Conservatório de Música.
A primeira parte do programa foi dedicada aos autores espanhóis. Do barroco espanhol, o pianista destacou Mateo Albeniz e Paler Soler.
A segunda parte teve início com Villa Lobos com Choro número 5, seguido pela Balada número 1 de Frederic Chopin. O pianista encerrou o recital com Scherzo opus 31, número 2.
O pianista carioca era ainda professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Fontes: jornal Diário Popular/Acervo Bibliotheca Pública Pelotense; wikipedia.org