Nicollas Otilio Lima, 30 anos, motorista da carreta que colidiu na traseira da van na noite de domingo (20), na BR-376, quilômetro 665, em Guaratuba, litoral do Paraná, prestou depoimento por videoconferência na tarde de terça-feira (22).
Segundo sua defesa, o veículo apresentou falha mecânica. O caminhão colidiu na traseira da van em que estava a equipe do Remar para o Futuro. A queda do container provocou a morte de nove dos dez passageiros que retornavam de São Paulo.
Na coletiva de imprensa, o titular da Delegacia de Delitos de Trânsito do Paraná, Edgar Santana, disse que o investigado, que é natural de Pelotas, saiu de Santos com destino à Argentina com uma carga de peças automotivas. Segundo ele, por duas vezes o veículo apresentou problemas.
Na primeira, foi conduzido com um guincho ao posto de combustível, em Campina Grande do Sul, onde o problema passou por conserto mecânico. No domingo, voltou a dar problemas e novamente foi até a base operacional do pedágio e que o mecânico teria sanado o problema.
“A partir de então ele seguiu viagem, nas proximidades da serra, o problema voltou, algumas marchas não engataram e ele perdeu o controle do veículo, o excesso de velocidade e, na sequência, o impacto com a van”, disse o delegado. O investigado disse ainda que a carteira de motorista é de março e que ele já havia trabalhado em uma empresa. Todos os problemas foram reportados ao proprietário, afirma o motorista em depoimento. Santana revela ainda que por vários momentos, o motorista mostrou-se consternado e chorou.
A Polícia Civil do Paraná (PCPR) segue em diligências a fim de apurar os fatos por completo e deverá ouvir os dois mecânicos que realizaram o serviço na carreta. O delegado aguarda o laudo pericial para verificar se houve falha mecânica. O investigado inicialmente deve responder por homicídio culposo, quando não há intenção de matar.
Em defesa
O advogado Richard Noguera diz que o motorista está à disposição para esclarecimento e que o acidente foi ocasionado por uma falha mecânica, que não o permitiu reduzir as marchas e nem usar o freio motor. O condutor, que teve apenas alguns ferimentos, deveria ter se apresentado às autoridades ainda na segunda-feira, mas depois de ter alta do hospital, não retornou à delegacia. Ele foi localizado pelos agentes no início da tarde.
Saída de escape a dois quilômetros
A dois quilômetros de onde ocorreu o acidente, a concessionária Arteris mantém uma das três zonas de segurança – basicamente uma caixa de contenção forrada de argila expandida – projetada para ajudar na frenagem de veículos que perderam o controle. Até setembro, foram registradas 707 entradas e salvaram 1.221 vidas.