Em meia hora de ação, a segunda edição do ano do Trote Solidário organizada pelo Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers), em Pelotas, encheu carrinhos de mantimentos e de esperança para quem busca em ações solidárias conseguir alimentar pessoas em situação de vulnerabilidade social. Em quatro supermercados da rede Carrefour, a atividade serviu também para mostrar aos alunos da Faculdade de Medicina da UFPel (Famed) o valor da doação, ato que seguirá ao longo da vida com os futuros profissionais da saúde. O exemplo diferenciado de acolher calouros tem parceria com o Banco de Alimentos do Rio Grande do Sul, das faculdades de medicina do RS, dos hemocentros e da Associação de Apoio a Pessoas com Câncer (Aapecan).
No supermercado da rua Barão de Azevedo Machado, na Cohabpel, a receptividade do público chamou a atenção dos alunos da Famed, Nailize Franceschi Ávila, 21, e Leonardo de Oliveira Rodrigues, 23. Desde a entrega do panfleto sobre o Trote até o recebimento do donativo, o dia foi de integração. “As pessoas perguntam sobre a nossa atividade e gostam de saber que é um trote totalmente diferente”, relata a acadêmica. Leonardo lembra que a questão dos trotes da faculdade foge de qualquer ato de constrangimento ou violência. “O Simers tenta fazer algo que vai ajudar outras pessoas”, comentou o jovem que é natural de Camaquã. Os estudantes contam ainda que os clientes do estabelecimento, além de ajudar, perguntam sobre nossa ação. “São bastante curiosos e atenciosos”, observa Nailize.
O aposentado Francisco Dilli Lopes, 57, fez a sua contribuição. Ele achou bem interessante o envolvimento dos estudantes na arrecadação de alimentos, pois garante credibilidade na ação. “É muito bom ver o comprometimento desses jovens com a iniciativa de ajudar as pessoas. Quem bom poder compartilhar com aquele que não tem muito”, diz o aposentado. A professora aposentada Tânia Nicolleti, 71, achou maravilhosa a ação e fez questão de tirar fotos com os estudantes. “É admirável esse tipo de trote para os calouros”.
Novo conceito
Para a estudante do quarto semestre de Medicina na Ulbra, Gabriele da Rosa Gomes, 25, que é diretora do Núcleo Acadêmico do Simers, a ideia é ressignificar o trote. “Antes era algo negativo, as pessoas eram humilhadas. Então a proposta é fazer uma ação positiva que vai impactar muitas pessoas”, garante. A jovem destaca que todos os alimentos arrecadados são destinados para instituições devidamente cadastradas e com controle e fiscalização.
O grupo também desenvolve outras frentes de ação, como arrecadação de bolsas de sangue no hemocentro, tampinhas de garrafa PEts. “Também cadastramos pessoas interessadas na doação de medula óssea, sem contar nas toneladas de alimentos que impactam bastante na população.” Para a diretora, muitas vezes, quem ganha são os próprios voluntários. “Desde o primeiro semestre nos deparamos com a missão de entrega ao próximo. O mais surpreendente é que quando a gente faz esse tipo de ação estamos nos ajudando. É indescritível. A gente sai muito feliz, com a sensação de plenitude por ter ajudado”, revela. Até mesmo quem faz a doação, acaba relatando um fato de superação, de ajuda ao próximo ou de solidariedade. “São histórias emocionantes que são engrandecedores para nós
O trote é realizado em cidades com Faculdades de Medicina e este ano já passou por Rio Grande, Pelotas, Canoas, Novo Hamburgo, Passo Fundo, São Leopoldo e Porto Alegre. As doações de alimentos vão para a Fundação Gaúcha de Bancos Sociais que faz a destinação às instituições cadastradas.
Impacto
9 mil bolsas de sangue coletadas
8,5 mil quilos de tampinhas, posteriormente revertidas à Aapecan.
31 mil livros doados para cursinhos populares de pré-vestibular.
48,2 toneladas de alimentos em 2023
30,1 toneladas só este ano
Doações online pode ser feita pelo site: trotesolidario.com.br