Adriane Rodrigues (PL) é candidata a vice-prefeita de Pelotas na chapa de Marciano Perondi (PL). A advogada e empresária é filha do ex-prefeito Anselmo Rodrigues. Pelo PDT, foi suplente de deputada estadual e assumiu a vaga por um mês em 2003. No PL, foi pré-candidata a prefeita este ano. Em entrevista ao A Hora do Sul, ela comentou a polarização política e as alianças feitas no segundo turno.
Qual a sua avaliação do primeiro turno?
A minha interpretação é que Pelotas quer mudança e que Pelotas é uma cidade de tradição, é uma cidade histórica. Já foi a segunda cidade do país, depois se contentou com a segunda posição no estado e viemos caindo ao longo do tempo, mas não é a cidade que vem caindo, são os governantes que vêm deixando ela se perder. É a falta de atenção, a falta de prioridade e de estar junto com a população, de sentir a dor e as necessidades da população. É preciso sentir a dor e trazer a cura, sentir os problemas e trazer a solução, mais do que isso, é cuidar como uma família. Pelotas vem cada dia caindo mais. A gente não tem uma saúde digna, são mais 60 mil pessoas esperando atendimento, não temos escolas, começa a chover, chove dentro da sala de aula, não tem merenda, as crianças comem bolachinha, e quantos têm a única refeição do dia dentro da escola? Qual a valorização dos professores? Qualquer professor realizado dá aula no banquinho da praça, não são os tijolos e o telhado que fazem a escola, é o professor. Como é o desenvolvimento e o emprego em Pelotas? Nossos jovens se formam e vão embora por falta de oportunidade. Não temos ruas, só temos buracos. Perto do próprio centro tem lugares que o ônibus não chega. Em Pelotas, o cidadão vive numa prisão. Isso é desumanidade. Qual empresa vai se instalar numa cidade que não tem rua? Nós precisamos refazer a cidade, da estrutura ao emocional. A população sentiu que precisa de mudança, de alguém que esteja no meio deles pra fazer essa mudança, e eu e o Marciano fomos esta opção. Eu acredito que seremos vitoriosos porque estivemos em todos os bairros da cidade e sabemos a realidade de cada um deles.
Pelotas repetiu no segundo turno a disputa do nível nacional entre PT e PL. Existe uma polarização?
Eu não gostaria de polarizar PL e PT. É o Marroni e a Daniela Brizolara, é o Marciano e a Adriane Rodrigues. São propostas locais que, coincidentemente, têm a ver com essa identidade nacional, que é um projeto conservador, que é o nosso. Os meus valores são um pouco diferentes dos valores da esquerda, e é essa a polarização. Defendemos que temos que ter um foco em tratar a criança neurodivergente, o autista, que tem déficit de atenção, o hiperativo, já o outro bloco tem uma visão um pouco diferente, pensam que tem que tratar crianças transgêneros, eu nem reconheço isso, criança é criança. Então as nossas pautas são diferentes e é isso que nos distancia, e nisso a população tá enxergando a sua identidade. Não polarizou a pauta nacional até porque a população não está muito envolvida com isso, está pensando que conhece mais um e menos o outro, e é isso que importa.
Como vê a questão da representatividade feminina?
Falam que a esquerda trabalhou isso com muita força, mas não é bem assim. Olha o que é a Michele Bolsonaro, é um doce de pessoa, é uma referência de trabalho social, e nunca publicizou isso, talvez tenha sido o erro dela, porque sempre fez o trabalho social, mesmo antes de ser primeira-dama. Eu sempre fiz isso, sempre estive junto da população, sentindo a dor da população. Meu trabalho como vice-prefeita é esse, estar do lado do Marciano e ser o ouvido dele junto à população. Eu tenho essa sensibilidade e quero trabalhar pela causa das mães, pela causa das mulheres. A mulher se desdobra em três, quatro jornadas e consegue dar conta, só que ninguém se dá conta que a mulher também cansa, que a mulher também precisa de carinho, precisa de atenção, tempo e cuidado. A minha pauta vai ser poder dar esse alicerce para elas. Eu sei como é para uma mãe que trabalha o dia todo e tem que dar atenção pros filhos, pro marido, pra casa, tem que prover a comida. A mulher tem o mesmo tempo que o homem tem, só que é muito mais usufruída pela família. Para mim, isso não é machismo, é o coração da mulher, a sensibilidade, e trago isso comigo.
Agora a chapa do PL conta com o apoio de partidos de centro e direita que fazem parte da atual gestão. Qual é a sua avaliação dessas alianças no segundo turno?
Recebemos o apoio de todos que quiserem nos apoiar. Essas pessoas que estão vindo nos apoiar já ouviram nas urnas que os seus eleitores não aprovam o que estava lá, então acredito que seja uma responsabilidade eleitoral deles, entre escolher a esquerda e nós, optaram por honrar seus votos. Eu não estou aceitando o apoio deles, estou aceitando o apoio do eleitor que elegeu esses candidatos e que tinha o anseio que eles os representasse, mas não daquele lado. Estamos recebendo apoio da sociedade, nós não podemos rejeitar o apoio porque essas pessoas vão ter voz e vez através dos seus eleitos na câmara de vereadores. Estamos abrindo a porta para o diálogo, mas o governo vai ser Marciano e Adriane.
Na reta final do segundo turno, qual a estratégia para conquistar o voto de quem não foi votar no primeiro turno?
Acredito que essas pessoas não votaram por falta de esperança. A gente não conseguiu chegar em todos os lares, e a gente tá indo casa a casa com o pé na rua, falando olho no olho com as pessoas. Talvez conseguindo atingir um público maior, as pessoas sentindo nosso comprometimento, a gente consiga expandir esses votos. Faltou estar mais perto ainda da população e convencer que podemos devolver a esperança e trazer a prosperidade. Acredito que só nós possamos fazer isso. A outra chapa já foi situação e foi reprovada, para mim já faz parte do passado. Nós somos o novo, somos a reconstrução. O que a outra chapa tinha para fazer, acho que já veio no primeiro turno.
Caso eleitos, qual será o primeiro ato da gestão?
Um mutirão da saúde com foco em zerar a fila da morte, para amenizar a dor das pessoas. Paralelo a isso, resolver o máximo de problemas da educação para começar o ano letivo com o menor déficit, com melhoramento estrutural e para melhorar a qualidade de vida dos professores. Também a busca pelo desenvolvimento da cidade, que começa tapando os buracos e chamando os investidores que aqui querem apostar.