Para lidar com as adversidades climáticas e seus efeitos, o governo do Estado conta com um grande colegiado para avaliar, analisar, consultar e propor ações de enfrentamento aos desastres naturais.
O Comitê Científico de Adaptação e Resiliência Climática do Plano Rio Grande, instalado no final de junho, é formado por 43 pesquisadores e consultores, dentre eles dois professores da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e Universidade Federal do Rio Grande (Furg).
As pautas são encaminhadas pelo Comitê Gestor ao Comitê Científico que analisa os projetos oriundos tanto do governo, como de universidades ou da sociedade, e emite pareceres sobre aspectos técnicos, tecnológicos e científicos. A proposta é garantir ações mais assertivas, a partir das informações de cada região do RS e suas características. O professor de meteorologia da UFPel, Marcelo Felix Alonso, explica como é a atuação – voluntária – dos participantes.
Como é sua participação no Comitê?
Eu comecei a participação no ano passado no programa chamado para o Pro-Clima 2050, onde se discutiram alternativas e ações de precaução, adaptação e resiliência para o Estado, em função do evento de setembro de 2023. Em maio, com a grande enchente, o governo criou então um Plano Rio Grande, com as três esferas de atuação. O comitê gestor, coordenado pelo próprio governador Eduardo Leite e os secretários, responsáveis pela decisão final, ou seja, quais projetos serão implementados e subsidiados no plano. Depois vem o Conselhão, com membros do governo, da sociedade civil em geral, no qual está a reitora da UFPel Isabela Andrade. E o comitê, com 43 especialistas de várias áreas da ciência ligadas ao clima. A função é cooperar na avaliação técnica e sugerir modificações que sejam pertinentes. Esta é a forma que o governo tem de ouvir a academia [universidade]. Também é propositivo.
Qual a importância da participação da Zona Sul neste comitê?
Cada pesquisador conhece a realidade da sua zona de atuação na sua universidade e isso ajuda bastante, pois o comitê tem um desenho da região, com relação à precaução, adaptação e resiliência. O enfrentamento desses eventos é diferente para cada local do RS, e isso ficou bem evidente em maio. A representação acadêmica de cada setor é relevante porque cada cidade necessita ter resiliência de adaptação e de precaução. Essa é a chave bastante discutida nas reuniões.
Como é a dinâmica do Comitê?
A partir desta semana começam a ocorrer os grupos de trabalho temáticos, que vão debater ideias dentro dos temas selecionados para apontar melhorias, por exemplo, de governança e de gestão de riscos do clima. Os encontros online ocorrem a cada dez dias e têm as reuniões presenciais, marcadas em eventos, como foi na Expointer, com alcance bem significativo. É importante salientar que os 43 integrantes fazem trabalho voluntário, sem subsídio do governo.
A Zona Sul tem projetos no Comitê?
São dois projetos. Um com academia (universidade) que é o de Controle Meteorológico Hidrológico. O outro é o dique do Laranjal, que está atualmente dentro do Plano Rio Grande. O governador recentemente reafirmou que vai financiar esse projeto de macrodrenagem, mas estamos aguardando a avaliação da Secretaria de Reconstrução Gaúcha para verificar se esse projeto vai ser enviado para o Comitê Científico ou se vai para as instâncias superiores diretamente.