“A gente tem que trabalhar com o coração”
Edição 19 de julho de 2024 Edição impressa

Segunda-Feira25 de Novembro de 2024

Abre aspas

“A gente tem que trabalhar com o coração”

Rogério Bermudes, 57, é médico veterinário, professor na UFPel e integrante de conselhos

Por

“A gente tem que trabalhar com o coração”
Especialista é um dos cinco membros da comissão nacional do Agronegócio do Conselho Federal de Medicina Veterinária. (Foto: Divulgação)

Rogério Bermudes, 57 anos, é médico veterinário, professor do departamento de zootecnia da UFPel e de formulação de dieta e de bovinos de leite nas graduações de zootecnia, veterinária e agronomia. Na pós-graduação em zootecnia, leciona nas disciplinas de produção de leite e nutrição de vacas em lactação. Além disso, passou pela presidência da Associação dos Médicos Veterinários (Vetesul) de 2019 a 2024, é conselheiro efetivo do Conselho Regional de Medicina Veterinário (CRMV/RS), presidente da comissão do agronegócio e extensão rural do CRMV/RS e um dos cinco membros da comissão nacional do Agronegócio do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV).

Como você enxerga o avanço da ciência na nutrição animal e quais desafios os alunos enfrentam na aplicação prática desses conhecimentos?

O avanço da ciência no animal tem sido notável nos últimos anos, porque a evolução da tecnologia de análise e o maior entendimento das interações entre dieta, microbiota ruminal e desempenho, há um impressionante avanço tecnológico. As áreas, por exemplo, de modelagem nutricional, os usos de aditivos naturais e a nutrição de precisão, têm trazido grandes inovações que permitem uma alimentação mais eficiente e sustentável, resultando em melhor conversão alimentar, redução de custos e menos impactos ambientais. Quanto às aplicações práticas desse conhecimento para os alunos, destaco a transferência de conhecimento para a realidade de campo, a diversidade de cenários produtivos, a atualização constante e sustentabilidade e bem-estar animal. Esses desafios fazem parte da formação de profissionais, para que eles sejam mais completos e preparados para lidar com a complexidade do setor agropecuário, tanto veterinário como zootecnista.

Como os veterinários podem contribuir para aumentar a produtividade e a sustentabilidade nesse setor?

Zootecnistas e veterinários desempenham papéis cruciais, tanto no aumento da produtividade, quanto na promoção da sustentabilidade no setor agropecuário. Essas duas áreas complementam-se. E profissionais capacitados podem fazer a diferença aplicando o conhecimento técnico em conjunto da prática e ambientalmente responsável. Por exemplo, a otimização da nutrição animal, bem-estar animal e saúde preventiva, tecnologias e manejo sustentável. Hoje já usamos vários aditivos para a redução do problema do metano. O pessoal culpa os bovinos, eles não são os culpados do metano. Melhoramento genético, eficiência de recursos, inovação e pesquisa, educação e extensão rural. Os profissionais da ciência agrária como veterinários ou zootecnistas são os agentes chave.

Qual a importância da extensão rural na sua visão, e como ela pode ser melhor integrada às atividades acadêmicas e à prática veterinária?

A extensão rural tem um papel fundamental ao conectar o conhecimento acadêmico que a gente já tem dentro das universidades e as inovações científicas diretamente com o produtor e a comunidade rural. Ela serve como uma ponte entre o que é desenvolvido nas universidades e centros de pesquisas e a aplicação prática no campo, promovendo um baita impacto positivo na produtividade, na sustentabilidade e principalmente na qualidade de vida dos produtores. Essa qualidade de vida é o cara ter um micro-ondas, uma batedeira, um trator melhor. E para maximizar esse impacto da extensão rural, ela precisa ser integrada de forma mais eficiente entre as atividades acadêmicas e a prática nossa profissional no campo como zootecnista ou veterinário.

Qual conselho você daria aos futuros veterinários e profissionais do agronegócio?

Abraçar a inovação, mas sempre valorizando a simplicidade. Manter um compromisso com a sustentabilidade. Trabalhar com os produtores e não apenas para eles. Essa é a função da extensão rural, é nós tentarmos solucionar o problema do produtor conversando com ele. É uma construção do trabalho. Nunca parar de aprender. Eu tenho doutorado dentro da UFPel, sou professor titular e nunca paro de aprender. E outra coisa: a gente tem que trabalhar com o coração. Eu sou apaixonado pelo que faço. Trabalhar com paixão, com propósito, isso é tudo.

Acompanhe
nossas
redes sociais