Em eleições marcadas pela continuidade na Zona Sul, em cinco municípios o mesmo partido renovou o poder para, pelo menos, o terceiro mandato consecutivo: em Aceguá (PSDB), Jaguarão (MDB), Pedro Osório (MDB), Santa Vitória do Palmar (MDB) e Cerrito, onde o Progressistas (PP) terá a prefeitura pela quinta vez.
No município de pouco mais de 5,8 mil habitantes, o ex-prefeito Flavinho sucederá o correligionário Douglas Silveira, que se manteve oito anos no cargo. Ele venceu com folga de quase mil votos o candidato do União Brasil (UB), Pablo Torres.
Cerrito reflete a polarização da região desde a redemocratização, quando dois partidos alternaram a prefeitura na maior parte do tempo, com breve interrupção de algum terceiro.
O município emancipou-se em 1996, teve três mandatos consecutivos do MDB e, desde 2008, a prefeitura está entre os progressistas. Pedro Osório (dois mandatos do PT e cinco do MDB), Jaguarão (dois mandatos do PT e cinco do MDB) e Aceguá (três mandatos do MDB e quatro do PSDB) vivem o pêndulo bipartidário desde os anos 2000.
Aceguá, assim como Cerrito, teve apenas dois partidos na prefeitura desde a fundação, no ano 2000. Santa Vitória do Palmar desde 2004 vive o bipartidarismo na prefeitura entre MDB e PT, em disputa que se intensificou neste ano com o pleito mais polêmico na região, com a impugnação, renúncia e depois liberação da candidatura do ex-prefeito Batata (PT).
O quinto mandato do PP em Cerrito
O atual prefeito, Douglas Silveira, em seu segundo mandato, atribui a hegemonia do PP ao trabalho prestado pelos quatro governos até agora. “Deve-se muito à seriedade com que sempre levamos a coisa pública”, diz.
“Aprendi isso com o prefeito Flavinho quando secretário dele, e segui esse caminho. A entrega de muitas obras nesses últimos oito anos também nos deu esse cenário positivo e favorável”, completa Silveira.
Flavinho, que também foi prefeito por dois mandatos, entre 2009 e 2016, atribui o sucesso do partido ao trabalho e à transparência com o mesmo grupo de pessoas.
“A gente focou muito no interior, na parte de infraestrutura, de estradas, na construção de pontes. Na área de saúde foram construídas duas unidades”, diz, acrescentando que na educação as gestões focaram na qualificação dos professores.
Para seu terceiro mandato, o foco do prefeito será a habitação. “Temos um déficit habitacional na área urbana. Na gestão do Douglas, adquiram-se algumas áreas e já há projetos encaminhados, então vamos focar firme nessa parte”, diz.
O adversário Pablo Torres (UB) foi procurado, mas não quis dar entrevista.
Confusão em Santa Vitória do Palmar
Foram 16 mil votos válidos em Santa Vitória do Palmar, sendo 50,14% deles ao emedebista André Selayaran, procurador do município durante os oito anos de gestão do atual prefeito, Wellington Bacelo.
Bacelo atribui o sucesso no pleito ao conhecimento de gestão e às aparições que Selayaran teve como procurador durante o seu mandato.
“O governo reeleito do Wellington vinha sendo bem avaliado pelas nossas pesquisas internas. Atribuo às políticas públicas realizadas nestes oito anos de mandato para termos a continuidade”, afirma Selayaran.
Selayaran pretende dar continuidade à política de asfaltamento das vias em Santa Vitória do Palmar, que considera uma marca da gestão Bacelo. O prefeito eleito afirma que pretende adquirir uma fábrica de asfalto para o município para “fazer um grande projeto de pavimentação”.
Bacelo diz deixar como legado ao sucessor melhorias na saúde e que serão inauguradas por Selayaran: um centro de hemodiálise, um centro de cardiologia, “com recursos assegurados”, diz o atual prefeito, e um centro de oncologia, uma “promessa de campanha”.
Para a oposição, no entanto, a continuidade do MDB no poder deve-se às decisões judiciais na semana do pleito, que tiraram o ex-prefeito Cláudio Batata (PT) da disputa.
O petista recorreu junto ao STF, inicialmente obteve um resultado negativo, que o fez abandonar a disputa. No sábado, após ter renunciado, no entanto, a justiça voltou atrás e liberou o ex-prefeito, tarde demais.
Batata considera o pleito “maculado”. “Resolvi renunciar para preservar os votos e apoiar o candidato Cristian Duarte (PSDB), fizemos campanha para ele sexta e sábado, o que causou enorme confusão entre o eleitorado, porque a minha candidatura estava com indicativo de vitória”, pondera o ex-prefeito.