Os partidos tradicionais mantiveram a hegemonia entre o eleitorado da Zona Sul. O PP, maior partido de direita do Rio Grande do Sul, obteve o maior número total de vagas no Legislativo nos 23 municípios da região, seguido pelo MDB e pelo PT, partido que mais representa a esquerda no Brasil.
Os progressistas, que também dominaram as eleições ao Executivo, elegeram vereadores em 21 municípios e conquistaram, no total, 56 vagas. O partido alcançou, ainda, a maior bancada em oito câmaras municipais na região.
Logo atrás vem o MDB, com 44 vereadores eleitos, a maior bancada em seis câmaras e eleitos em 17 municípios. Já o PT elegeu 39 vereadores, fez a maior bancada em três câmaras e está presente também em 17 municípios.
Na sequência estão PDT e PSDB, com 24 vereadores, ambos com a maior bancada em uma câmara; União Brasil (UB), com 18 vereadores e maior bancada em um município; e PSD, com 14 vereadores e maior bancada em Pelotas, com quatro parlamentares eleitos.
Em apenas cinco cidades o partido que elegeu o prefeito não alcançou o posto de maior bancada no Legislativo: Amaral Ferrador, Arroio Grande, Capão do Leão, Pedras Altas e São José do Norte.
O PT fez duas das três maiores bancadas da região: sete cadeiras de nove em Pedras Altas, onde será oposição, e seis de 21 em Rio Grande, onde reconquistou a prefeitura. O MDB também fez seis cadeiras (em nove) em Santa Vitória do Palmar, cujo Executivo se mantém no poder do partido.
Direita conquista maioria
Assim como nas prefeituras, os partidos à direita do espectro político obtiveram a maioria nos legislativos na Zona Sul. Na avaliação do cientista político Renato Della Vecchia, essa é uma tendência histórica entre o eleitorado brasileiro, que se caracteriza por ser mais conservador.
Della Vecchia aponta para outra característica nas eleições legislativas e em municípios menores, de um voto mais “pragmático” do que ideológico. “Tem um eleitorado menor, de 20 a 30% mais ideológico e um, em maior quantidade, muito mais pragmático, que pode ter posições conservadoras”, pondera.
“Na eleição municipal, o que vale mais são as relações pessoais, principalmente nos municípios menores, então quem está na prefeitura tem tendência a manter controle sobre o eleitorado”, completa Della Vecchia.
Cidades menores
Há nessas cidades menores, segundo o especialista, a política por hereditariedade, cujo sucesso eleitoral passa de pai para filho. “Pessoas que criam vínculos na comunidade a partidos mais conservadores”, explica. Assim, partidos estabelecidos barram o avanço, por exemplo, do PSD, que elegeu o maior número de prefeitos no Brasil.
Por outro lado, nas cidades maiores, o debate ideológico ganha mais espaço, como é o caso de São Paulo, por exemplo. “Já nas cidades médias é um meio-termo, de como combinar o debate ideológico, porque uma parcela se guia por isso, e ao mesmo tempo dar uma resposta efetiva de qual política vai ser adotada para resolver um determinado problema”, diz Della Vecchia.
Hegemonia
Entre a esquerda, o PT mantém a hegemonia nos municípios menores da Zona Sul, onde por muito tempo houve a polarização entre Arena, cujo eleitorado e lideranças migraram ao PP, vinculado ao agronegócio, e MDB.
Já em Pelotas, o partido divide o protagonismo com o PSOL, a exemplo das grandes capitais como Porto Alegre e São Paulo.
“O PSOL surge pela esquerda do PT, fazendo críticas mais ideológicas, mas cresce nos grandes centros urbanos onde a discussão política é mais constituída. Nos municípios menores o próprio PT teve dificuldades de se constituir no contexto pós-ditadura, mas as pessoas se fixaram no partido”, conclui Della Vecchia.