“Passamos a existir, mas esquecemos de viver plenamente”
Edição 19 de julho de 2024 Edição impressa

Terça-Feira26 de Novembro de 2024

Abre aspas

“Passamos a existir, mas esquecemos de viver plenamente”

Samantha Pedroso, 22, criou uma vaquinha para arrecadar valor para realizar cirurgia complexa de R$ 150 mil

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“Passamos a existir, mas esquecemos de viver plenamente”
Jovem deve passar por cirurgia para descompressão da medula nesta quinta-feira (2). (Foto: Divulgação)

Samantha Pedroso, 22 anos, é natural de Santa Cruz do Sul e estudante de direito na UFPel. Ela descobriu uma fratura vertebral causada por um tumor, que não se sabe se é benigno ou maligno, e está comprimindo sua medula espinhal, o que prejudica a função motora e sensorial, além de haver risco de paralisia. O procedimento cirúrgico é complexo e custa R$ 150 mil. Para isso, ela criou uma vaquinha online e conseguiu arrecadar o valor rapidamente. A cirurgia de descompressão da medula espinhal está marcada para esta quinta (3).

Como e quando você descobriu a fratura vertebral e o tumor?

Descobri uma hérnia de disco na região lombar da coluna, no ano passado, e iniciei acompanhamento com fisioterapia. Neste ano, tive momentos de altos e baixos em relação às dores, mas meu médico da época disse que hérnia de disco era assim mesmo, com momentos de crise. No fim de agosto, estava descendo as escadas da faculdade e caí nos degraus. Machuquei a perna direita, ficando com hematomas e dificuldade para caminhar. Com o passar dos dias, fui perdendo também o equilíbrio e a coordenação motora, não subindo escadas sem apoio e não andando sem alguém do lado. Consultei com um neurocirurgião que pediu uma ressonância completa da coluna, não apenas da região lombar (local em que está a hérnia de disco). Foi aí que descobrimos uma vértebra quebrada na região torácica causada por um tumor.

Quais são os maiores desafios impostos por essa condição que você enfrenta no dia a dia?

Principalmente a questão da mobilidade. Perdi a independência para fazer coisas básicas. Dificuldades para andar sozinha, subir escadas, sentar e levantar. Graças a Deus, quando estava em Pelotas, tinha uma rede de amigos que me ajudava. Um colega me encontrava na porta de casa e fazíamos juntos o caminho até a faculdade. Outra amiga, que me acompanhou na consulta médica, me ajudava a fazer compras no mercado. Eu nunca estive sozinha. Estando na minha cidade natal, conto com a ajuda dos meus pais para realizar as tarefas.

Como foi o processo de decidir pedir ajuda publicamente?

Quando lançamos a campanha, não tínhamos grandes expectativas de atingir o valor completo, considerando que é uma quantia bastante elevada. Mas iniciamos com a certeza de que qualquer ajuda já seria motivo de enorme gratidão e faria diferença no meu tratamento. Foi uma tentativa, uma esperança. Desde o início, muitas pessoas começaram a compartilhar, doar, enviar mensagens de carinho e até rezar por mim. Isso me pegou completamente de surpresa. Vivemos em um mundo que muitas vezes parece tão individualista, onde cada um foca apenas em si.

Quais são suas expectativas e esperanças após a cirurgia?

Encaro isso como uma nova chance de viver. Pode parecer clichê, mas é o que sinto. A gente se acostuma com a rotina e deixa de lado o que deveríamos valorizar mais. Passamos a existir, mas esquecemos de viver plenamente. Acredito que tudo correrá da melhor forma possível. Espero logo estar de volta à faculdade, pois quero continuar me dedicando para alcançar a profissão que tanto desejo. Além disso, quero viajar mais, passar mais tempo com amigos e família, e seguir firme em busca dos meus objetivos pessoais e profissionais. Pretendo retomar minha vida com ainda mais determinação e gratidão. Acima de tudo, tenho o desejo de retribuir de alguma forma todo o apoio e carinho que recebi.

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