Pelotense vence prêmio de melhor tese
Edição 19 de julho de 2024 Edição impressa

Terça-Feira26 de Novembro de 2024

Habitação popular

Pelotense vence prêmio de melhor tese

Tuize Rovere ganhou o reconhecimento na área de Planejamento Urbano e Demografia

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Pelotense vence prêmio de melhor tese
Arquiteta e professora se inseriu na vida cotidiana de moradoras de um residencial do programa Minha Casa, Minha Vida, em Santa Cruz do Sul. (Foto: Jô Folha)

Entre mais de 1,6 mil concorrentes, a arquiteta e professora Tuize Rovere conquistou o Prêmio Capes de Teses, que reconhece as pesquisas mais relevantes do país. O estudo reverenciado explora como a relação entre as políticas públicas habitacionais e o planejamento urbano impacta na vida das mulheres em vulnerabilidade social. Como resultado foi constatado que a localização da moradia, a distância do local dos centros urbanos e de escolas, entre outros fatores, influenciam na realidade social das moradoras.

Para construir a tese “Territórios de (Re)existência: cidades, mulheres e as redes de cuidado como subversão da política pública habitacional”, a pesquisadora se inseriu na vida cotidiana de moradoras de um residencial do programa Minha Casa, Minha Vida, em Santa Cruz do Sul. Durante um ano, ela investigou como as moradoras enfrentam problemas como a insegurança alimentar, a violência dos condomínios e a dificuldade na acessibilidade a serviços essenciais.

Na tese, Tuize verificou que apesar da importância das habitações populares para que as mulheres alcancem a casa própria, a construção das moradias em áreas periféricas, sem o devido planejamento com o restante da cidade, também se torna um empecilho para a ascensão social. “A primeira coisa que eu percebi foi a necessidade de se ter uma escuta mais ativa das pessoas que estão nos territórios [para pensar a política habitacional]. As pessoas que vão para um conjunto habitacional são definidas previamente, por que não escutá-las?”, questiona.

O impacto da distância e da falta de infraestrutura

De acordo com a arquiteta, para o acesso a melhor qualidade de vida, é essencial que os locais de construção das moradias tenham proximidade com escolas, creches, CRAs e outros serviços de rede de apoio, assim como aos polos do mercado de trabalho. Como exemplo, Tuize conta que em um dos conjuntos habitacionais marcados pela violência, as mulheres acompanhavam os filhos até a escola diante do medo de deixá-los sozinhos.

“Só que com a distância, elas não tinham tempo hábil para ter um trabalho formal. Por isso elas ficam em empregos precarizados com salários baixos”. Além da percepção do impacto da falta de acesso aos centros urbanos, Tuize também observou a dinâmica de auxílio nos condomínios. Com as inúmeras dificuldades vivenciadas pela maioria, as mulheres formam redes de ajuda local. “Para conseguir comida, roupa, remédios, ajuda para uma ficar com os filhos das outras”.

A surpresa do prêmio

Apesar de uma realidade diferente das moradoras observadas, Tuize também enfrentou dificuldades para conseguir a aprovação do tema da tese por questões de gênero. “Na minha área de pesquisa, com gênero dentro do planejamento urbano foi uma coisa muito difícil, eu tive que justificar muito bem o que eu estava fazendo”, relata. Por esse motivo, a pesquisadora relata que recebeu a notícia do prêmio com surpresa.

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