O monitoramento dos rios Piratini e Jaguarão, assim como o do canal São Gonçalo, pelas equipes técnicas de Meteorologia e Hidrologia da UFPel, foram fundamentais para que o volume de chuva de quase uma semana na região não afetasse grandes números de moradores a partir das ações preventivas dos chefes de executivos.
O sistema, porém, ainda é falho, e quem enfrentou o problema das cheias desta vez foram os moradores das margens do arroio Pelotas e arredores. A régua próxima à ponte ficou submersa e, em menos de 24 horas, as águas que desceram da colônia inundaram a região das charqueadas.
Em maio deste ano, um sensor foi instalado no local, mas foi retirado. Há previsão de que um novo instrumento do Laboratório Hidrosens, da Faculdade de Engenharia Hídrica da UFPel, seja colocado na próxima semana. Já o único recurso que orienta os especialistas e moradores é a régua – monitorada pela Agência da Lagoa Mirim. No entanto, ela ficou submersa, o que indica que o nível do arroio Pelotas pode ter variado em torno dos três metros acima do nível normal.
A probabilidade tem como base o nível de maio (quando o canal São Gonçalo estava muito cheio) e a cota máxima atingida próximo à ponte – pela régua – foi de 2,66 metros. Ainda assim, de acordo com o professor da UFPel, Leonardo Contreira, é difícil precisar o nível, pois na quinta-feira havia pontos com diferença de até 30 centímetros.
Falta de dados
Diante da falta de dados específicos ou mesmo aproximados, moradores não escondem a frustração, a preocupação e a sensação de descaso com a região. “A sala de situação já era para ter pensado nisso no primeiro encontro. O arroio Pelotas é extenso e com os acumulados de chuva da colônia de Pelotas e Canguçu teriam que ter previsto esse volume de inundações no Areal fundos,” critica a moradora da área da charqueada, Gabriela Mazza.
Propostas
Na manhã de sexta-feira (27), a hidróloga Tamara Beskow informou que o canal São Gonçalo estava estabilizado desde o início da madrugada na cota de 2,44 metros, superando em quatro centímetros para setembro de 2023. Nessas condições, a água do arroio Pelotas flui bem para a Lagoa. Além disso, a redução significativa de água dos arroios da colônia que drenam para o Pelotas, contribuiu para baixar o nível do rio, liberando já na manhã de ontem, a estrada do Laranjal.
Ela conta que a Azonasul, através da Câmara Técnica de Resiliência da Agência de Desenvolvimento Regional da Zona Sul, apresentou um projeto ao governo do Estado para expandir em cerca de 40 mil metros quadrados a rede de monitoramento hidrometeorológico que, em tempo real dentro de um sistema integrado, possa fazer o alerta antecipado do volume de chuva, o que irá permitir calcular os níveis dos rios, arroios e canais com antecedência. Com um programa disponibilizado a cada município que indique as condições e atualiza frequentemente as informações, os gestores poderão tomar medidas antecipadas.