Uma conquista “tácita”
Edição 19 de julho de 2024 Edição impressa

Quinta-Feira19 de Setembro de 2024

Opinião

Douglas Dutra

Douglas Dutra

Repórter e colunista de política

Uma conquista “tácita”

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Ao não se posicionar sobre a lei que torna a orixá Oxum padroeira de Pelotas, a prefeita Paula Mascarenhas (PSDB) perdeu a oportunidade de fazer parte de um acontecimento importante e que promove reparação histórica às culturas e religiões de matriz africana. Se de um certo modo é compreensível o temor de se indispor com setores religiosos imiscuídos na política, é necessário ter coragem para se posicionar e defender o que se acredita ser correto.

As críticas ao projeto do vereador Paulo Coitinho (Cidadania) nada têm a ver com a laicidade do estado e estão mais próximas, sim, da intolerância religiosa. Se esse princípio do estado laico fosse observado à risca, seria necessário começar por abolir São Francisco de Paula como padroeiro, sem falar nos feriados.

Até onde se sabe, Pelotas é a primeira cidade brasileira a reconhecer oficialmente uma orixá como padroeira. Esse marco importante não passou pelo executivo e só aconteceu graças ao legislativo que, sem uma sanção ou veto da prefeita, precisou promulgar a lei por conta própria – a chamada “sanção tácita”. Uma pena que, mais uma vez, uma conquista dos movimentos negros e das religiões de matriz africana, tão marginalizados historicamente, precise acontecer desse jeito: tácito.

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