Rodrigo Seefeldt, 33 anos, é natural da zona rural de São Lourenço do Sul. Condutor local do Caminho Pomerano desde 2007, bacharel em desenvolvimento rural e apaixonado por fuscas, é também integrante do Centro de Escritores Lourencianos (CEL), onde participa de diversas obras literárias coletivas. Além disso, é autor dos livros As Aventuras do Fusca Amadinho e Registros históricos do roteiro de turismo rural Caminho Pomerano. Outras obras contam com a sua participação: Antologias do CEL, Doze Cores de Um Prisma, Aventuras e Memórias Sobre Rodas e Contos Aleatórios.
Como o Caminho Pomerano contribui para a preservação da cultura e da história local?
O Caminho Pomerano é uma ferramenta importante que resgata o processo de imigração de alemães e pomeranos que chegaram a São Lourenço do Sul em 1858. Fundado em 2005, é uma associação que busca preservar os hábitos, costumes e tradições deste povo que formou uma área colonial próspera através do cultivo da batata. O roteiro Caminho Pomerano apresenta aos seus visitantes uma viagem na história através da gastronomia típica, acervos históricos, museu, plantas medicinais, colecionismo, artesanatos, produtos típicos, agricultura familiar, apresentação da história da “noiva de preto”, nas belezas dessa colônia pomerana de São Lourenço do Sul.
Como surgiu a ideia de escrever As Aventuras do Fusca Amadinho? O que o inspirou?
A ideia do livro surgiu através de uma oficina literária realizada no CEL [Centro de Escritores Lourencianos], ministrada pela professora, escritora e presidente Cleia Dröse, que abordava os principais elementos do conto através da personificação. A partir dos ensinamentos e considerando as dicas da oficina, resolvi começar escrever em primeira pessoa a história do Fusca Amadinho, que chegou à nossa família precisando voltar a andar, ou melhor, voltar a viver.
Você tem uma paixão declarada por fuscas. O que o atrai nesse carro em particular?
O Fusca foi nosso primeiro carro, comprado em diversas parcelas de um amigo. Sua condição não era das melhores, estava com pneus furados e veio para casa com seu interior cheio de ratos. Mesmo assim, com todos esses percalços, o Fusca Amadinho se tornou integrante da nossa família e passou a receber todo carinho e atenção, e vivemos muitos momentos juntos. Além dessa história, o Fusca remete à minha infância, quando o mundo tinha mais cores através dos carros coloridos passando em nossa casa na zona rural.
O livro Registros históricos do roteiro de turismo rural Caminho Pomerano é um esforço de preservação da memória local. Qual foi o processo de pesquisa para escrevê-lo?
Busquei organizar esse livro para eternizar a história desse importante trabalho realizado através de mulheres e homens que contribuem na preservação da história e cultura pomerana em São Lourenço do Sul, que se constitui num patrimônio histórico e cultural imaterial não somente do povo pomerano, mas do próprio Brasil. A obra coletiva é, por definição, diversa e plural e este livro não é diferente. A obra conta com organização minha, assessoria e história de Jairo Scholl Costa, e está sendo escrita por ex-presidentes e também convidados, estudantes, integrantes do Caminho Pomerano, professores, consultores, gestores e pessoas que estiveram na fundação do projeto.
Você acredita que o turismo rural e a literatura podem caminhar juntos como ferramentas de preservação cultural?
Sim, principalmente como forma de preservar a história. Precisamos registrar o modo de vida atual e preservar a história escrita bem como registrar da melhor forma possível a história oral das comunidades. Desta forma, é possível garantir que as próximas gerações possam conhecer como nossos antepassados e viveram. O turismo rural e a literatura são peças fundamentais no nosso trabalho no Caminho Pomerano.