“Por maior que seja o dom, sem estudo não há evolução”
Edição 19 de julho de 2024 Edição impressa

Quarta-Feira27 de Novembro de 2024

Abre aspas

“Por maior que seja o dom, sem estudo não há evolução”

Pelotense João Ferreira Filho possui extensa carreira na música como cantor crossover

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“Por maior que seja o dom, sem estudo não há evolução”
João Ferreira Filho começou a cantar com 16 anos. (Foto: Juliano Kirinus)

O cantor crossover pelotense João Ferreira Filho, 43 anos, possui uma extensa carreira na música. Começou a cantar em 1996, com 16 anos, e a dar aulas em 2003. Ele é formado em Canto pela UFPel, além de ter especialização em Regência Orquestral e Coral, Teatro Musical, Canto Belting e Canto Crossover. Além disso, foi presidente da Sociedade Pelotense Música Pela Música (SPMM), onde atua há 25 anos. Também é diretor vocal do Grupo Tholl e professor no Plural Singer Studio, em Pelotas.

Como você vê sua evolução artística?

Sempre digo aos meus alunos: se hoje eu não estiver melhor que ontem e pior que amanhã, é sinal que alguma coisa errada estou fazendo. A arte e a música precisam estar em constante evolução, porque as combinações artísticas são infinitas. Quanto mais a gente estuda, mais a gente sabe que nada sabe. Houve vários momentos de saltos e vários momentos de platô, que fazem parte. Mas sem dúvidas, não teve nenhum ano da trajetória que eu não vencesse novos desafios. Afinação, entrar no tempo da música, entender o funcionamento do microfone… E as demandas aumentam, como cantar em inglês, o aperfeiçoamento vocal. E era uma época em que não havia facilidade de acesso com a internet. Todo ano houve uma evolução em algo. Tem coisas que ficaram até hoje e outras foram experiências momentâneas que fazem parte da minha evolução.

O que lhe motivou a escolher o canto como profissão?

Eu tenho pelo menos três identidades vocais: lírica, teatral-musical e de banda. São universos diferentes. Em 1996, quando comecei a cantar, não havia essa facilidade de acesso. Quando ia procurar professores, só existiam de canto lírico. Vendo as revistas de rock, porque minha banda era de rock, grandes referências para mim tinham estudado canto lírico. Meu amigo Fábio Marcan me indicou o coral da SPMM. Fui com o intuito de melhorar o meu canto para o rock, não para ser cantor lírico. Lá, senti facilidade em usar o esquema vocal do canto lírico e me apaixonei por aquele universo. Vi pessoas de carne e osso da nossa cidade fazendo essa maravilha. “Como essa voz sai de dentro dessas pessoas?”. Decidi que seria, também, cantor lírico.

Quais os desafios que você enfrentou ao longo da sua carreira como tenor e diretor vocal?

Como tenor, foi a falta de bagagem prévia. Eu tinha zero conhecimento de canto lírico. Precisava conhecer diferentes tipos de repertório. Entender que canto lírico não é só ópera. Existe música de câmara, sinfônica, sacra, cantatas, variações da ópera, entre outras. Entender os diferentes estilos conforme a época: barroco, clássico, romântico etc. A segunda dificuldade foi a questão mercado. Pelotas ainda tinha um mercado mais fechado para o canto lírico e o SPMM foi uma das entidades que retomou isso. Como diretor vocal, eu não tive grandes dificuldades. A maior é a formação, buscar diferentes fontes de conhecimento. Quando temos formação, o resto damos um jeito.

Quais são os conselhos que você poderia dar com base na sua experiência?

Para todas as formas de canto, o conselho é um só: estude muito. Saiba o que está fazendo. Por maior que seja o dom, sem estudo não há evolução. Por mais que a pessoa tenha aptidão para fazer algo, sem estudo não acontece. A sorte é uma junção de estar no lugar certo e estar preparado. Eu sou formado e sigo fazendo cursos e especializações. Estudar é para o resto da vida.

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