Escalada violenta
Edição 19 de julho de 2024 Edição impressa

Quarta-Feira27 de Novembro de 2024

Editorial

Escalada violenta

Escalada violenta
Datena agrediu Marçal durante debate na TV Cultura. (Foto: Reprodução)

A cena vista no debate eleitoral para prefeito de São Paulo no último final de semana é a cereja de um bolo que vinha há bastante tempo sendo preparado: a violência da discussão política entre candidatos, enfim, escalou para a parte física. Isso surpreende zero pessoas. Cada vez menos, em todos os cenários, a discussão de campanhas tem ido para o lado pessoal ou ideológico e menos para ideias e propostas. Era visto que o cenário bélico da política nacional terminaria assim.

Para quem está por fora da situação: o candidato José Luiz Datena (PSDB), sendo provocado em nível pessoal pelo candidato Pablo Marçal (PRTB), levantou-se e agrediu, com uma cadeira, seu adversário. É o ápice de uma situação que vinha evoluindo, com rusgas, deboches e ataques baixos na capital paulista. Tudo isso está dentro de uma panela da não-política nacional, em que figuras aleatórias vão concorrer – no caso, um apresentador de televisão e um coach – e deixam de lado qualquer liturgia, até um passado recente bem respeitada.

Aqui do ladinho, em Bagé, tiros em um comício do candidato Luiz Fernando Mainardi (PT) causaram preocupação. Até o momento, não se sabe detalhes do que aconteceu de fato e o caso é investigado. De qualquer forma, há pelo menos um indício de mais violência no cenário político.

Por aqui, embora até o momento pareçamos estar longe de qualquer sinal de violência física, vemos o debate eleitoral de Pelotas ir para o ataque e menos para propostas. A coisa vinha morna até dias atrás, mas os últimos debates organizados por entidades e veículos de imprensa já tiveram provocações e críticas pessoais ou partidárias. Pouquíssimas propostas, porém. O horário gratuito de rádio e TV também vem sendo carregado por isso.

A internet e a cultura dos cortes e dos memes mudou para sempre a discussão política. Hoje, vale muito mais um corte que se torna viral e dá engajamento e impulsiona o nome do candidato. Mas, enquanto isso, como ficam as cidades, os estados e o país? Cadê as propostas, candidatos? Cadê as ideias? Onde vocês se destacam e por qual motivo merecem receber os votos da população? Isso que deve ser respondido.

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