“A diáspora dos africanos / nas rimas dos manos do capão redondo / os hippies perdidos nos andes / prisões em Los Angeles cheias de hermanos”. Nos versos, um retrato da América Latina, nos quais é possível encontrar diferentes versões sobre um lugar. Latinoamérica drama é o novo single de Juliano Guerra, com participação do músico Vitor Ramil, que já está disponível em todas as plataformas digitais.
A escrita da música começou em 2019, em uma viagem que o cantor, compositor e instrumentista canguçuense fez ao Chile. A partir da visita ao Museu de Arte Pré-Colombiana e à casa do escritor Pablo Neruda, Juliano começou a refletir sobre uma sensação de pertencimento latino-americano. “O mais interessante pra mim foi esse sentimento, porque acho que nós brasileiros muitas vezes temos esse apartamento dos vizinhos”, relembra o músico.
Perceber essas semelhanças trouxe mais compreensão sobre o modo de ser do brasileiro. “Fui nos entendendo melhor como unidade, como um grande povo latino”, comenta. Já a estrutura musical foi criada depois de Juliano ter recebido uma “aula informal” sobre a cueca, ritmo importante no Chile.
Assim, a canção seguiu viagem com o músico, que colhia informações e inspirações por onde passavam – ele e a canção -, como Pelotas, onde morava na época, e a Porto Alegre, para onde se mudou há cinco anos. “Gosto de pensar que a canção faz esse trajeto comigo e vai se aprontando conforme eu consigo conceituar melhor esse sentimento de pertencimento — que passa, também, pelo fato de nossos problemas serem muitos similares, aqui, na Argentina, no Chile, no Uruguai…”, comenta o compositor.
Oportunidade perfeita
Outro viajante se soma, por fim. O pelotense Vitor Ramil, cantor, compositor e escritor, traz consigo a bagagem de quem há décadas pensa, cria e canta uma versão de latinoamérica: “É um artista que além de conceituar, sempre foi capaz de transformar o conceito em obra de uma forma muito eficaz, muito refinada. Eu já tinha bastante vontade de gravar com ele, e quando essa canção ficou pronta me pareceu a oportunidade perfeita”, detalha Juliano Guerra.
Na mala de Juliano Guerra, figuram referências desde João Gilberto e Stan Getz, passando por Donald Glover, Kendrick Lamar, Letrux até Jesse Reyez, além de companheiros de cena como Pedro Cassel e Thays Prado. Mas a maior influência dos últimos cinco anos tem sido a própria cidade de Porto Alegre, conta. “Ver a cidade sendo devastada, passando por um processo que eu vi em Berlim em 2013 e parecia uma realidade distante, tem sido também — para bem e para mal — uma influência no meu pensamento artístico”, comenta.
Para viagens futuras, Juliano planeja um novo álbum. O sucessor de Neura (2018, Escápula Records), disco com o qual Juliano foi premiado como melhor compositor de MPB no Prêmio Açorianos de Música, ainda não tem previsão de lançamento.