Uma pesquisa sobre o impacto do tradicionalismo na economia do Rio Grande do Sul revelou que só a erva-mate movimenta R$ 396 milhões nas finanças do Estado e o churrasco, R$ 105 milhões. Às vésperas de celebrar a Semana Farroupilha, é natural que o consumo do mate e da carne aumente, mesmo que o gaúcho ainda sinta no bolso os impactos dos desastres climáticos e o aumento na alíquota do ICMS no Estado. De acordo com o Procon de Pelotas, de janeiro a agosto os preços apresentaram variações, mas agora a tendência é de manutenção.
Nas prateleiras dos supermercados, o preço do quilo da erva-mate varia conforme tipo e marca. Na pesquisa comparativa do Procon, a média do quilo da erva-mate entre setembro e dezembro de 2023 ficou em R$ 13,50. Este ano, começou com R$ 11,23 (janeiro) e julho teve o custo mais alto, em R$ 14,22. Houve redução para R$ 12,09 em agosto, no último levantamento dos produtos da cesta básica.
De acordo com o diretor executivo do Procon, Luciano Haertel, observa-se, durante a análise dos dados, que o preço da erva-mate caiu R$ 1,41 de setembro de 2023 a agosto de 2024, uma variação de 10,45%. “Em contraste, ao comparar somente os dados do ano atual (janeiro a agosto de 2024), o mesmo item apresentou um aumento de 7,65%”, destacou.
Preocupação com perda de isenção
Para o presidente do Sindimate, Gilberto Luiz Heck, não houve uma variação significativa para o consumidor, uma vez que o preço é composto conforme o tipo e a marca da erva, sendo que no mercado é possível encontrar o quilo entre R$ 8,00 até R$ 20,00.
A preocupação agora é com a retirada do produto como item da cesta básica e a perda da isenção de ICMS, será cobrado um imposto reduzido de 60%, mas que deve representar um acréscimo de R$ 1,50 a R$ 3,00 por quilo da erva, o que encarece o produto. “Isso vai reduzir drasticamente o consumo do chimarrão”, acredita.
Churrasco no ponto para os gaúchos
Em relação à carne bovina, o preço também sofreu uma queda de R$ 6,06 no mesmo período de setembro de 2023 a agosto de 2024, resultando em uma queda de 13,74%, segundo aponta a pesquisa do Procon. “Ao comparar os dados apenas do ano corrente (janeiro a agosto de 2024), diferente da erva-mate, o valor da carne bovina apresentou uma redução de 9,81%”, destaca Haertel. A média da carne bovina em setembro do ano passado estava em R$ 44,13 e fechou o agosto sendo vendida a R$ 38,07 o quilo, conforme pesquisa do órgão de defesa do consumidor.
O médico veterinário e responsável técnico pelo controle de qualidade da carne de um supermercado, Paulo Fernando Wenzel, explica que a queda no preço do quilo da carne ocorreu há cerca de dois meses e deve permanecer. A redução de cerca de 15% a 20% está atrelada à entrada de 80% do produto vindo do Brasil central, inclusive com animais trazidos para abate no Estado. Isso porque o custo de produção é mais barato nessa região e, o que não vai para a exportação, é vendido para outros estados com valor menor do quilo do boi.