Imóveis desocupados aumentam 160% em 12 anos em Pelotas e Rio Grande

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Imóveis desocupados aumentam 160% em 12 anos em Pelotas e Rio Grande

Nos dois municípios há 25,5 mil e 16,6 mil domicílios não ocupados, respectivamente

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Atualizado sábado,
07 de Setembro de 2024 às 16:27

Imóveis desocupados aumentam 160% em 12 anos em Pelotas e Rio Grande
Aumento de imóveis desocupados em Pelotas foi superior a Rio Grande (Foto: Jô Folha)

Em 2010, Pelotas tinha 9,5 mil domicílios particulares não ocupados, 12 anos depois esse número subiu para 25,5 mil, o que representa um crescimento de 169% de imóveis ociosos. Os dados divulgados pelo IBGE na sexta-feira também expõem cenário semelhante em Rio Grande, com um acréscimo de 162% e 16,6 mil residências vazias. Conforme aponta o especialista do Censo no Estado, essa conjuntura tem sido registrada em todo o país.

Dos 166 mil domicílios particulares em Pelotas, 130,7 mil estão ocupados. Em relação ao quantitativo, o número de imóveis não ocupados representa 15,4%. Os dados do Censo Demográfico referentes a 2022 detalham que dentro do percentual estão 13,7 mil casas e 10,7 mil apartamentos sem moradores. Em Rio Grande, dos 16,6% de moradias não ocupadas ante a 102,9 mil residências, há 10,2 mil casas e 5,1 mil apartamentos disponíveis.

Casas de temporada

Os dados do Censo também demonstram que em Pelotas houve um crescimento de 69% de domicílios não ocupados e de uso ocasional (aqueles destinados a férias ou locação por temporada), com 9,5 mil imóveis em comparação a 5,6 mil em 2010.

Em Rio Grande, 11,4 mil são imóveis não ocupados de uso ocasional. São 9,7 mil casas e 1,4 mil apartamentos disponíveis. Além disso, no município, houve um acréscimo de 37% de residências voltadas a propósitos como veraneio.

Tendência nacional

O aumento significativo de imóveis vazios nas duas maiores cidades da Zona Sul faz parte de um fenômeno nacional, aponta o coordenador operacional do Censo no Estado, Luís Eduardo Puchalski. “Em praticamente todo o país tivemos um sensível incremento no quantitativo de domicílios de uso ocasional e vagos”. Puchalski cita como exemplo a capital Porto Alegre em que o número de domicílios vagos praticamente dobrou entre 2010 e 2022.

O coordenador ainda lembra que a Zona Sul teve alguns de seus municípios mais populosos com redução de população na comparação com 2010 e, mesmo assim, a quantidade de domicílios (ocupados + desocupados) cresceu no mesmo período. Como reflexo, houve uma nova redução do número médio de moradores por domicílio. “E também, este crescimento significativo do número de domicílios de uso ocasional e vagos”, complementa.

O Censo 2022 aponta que em Pelotas há em média 2,48 moradores por residência, já em Rio Grande o número sobe para 2,56. Em 2010, eram 2,87 e 2,94 residentes respectivamente.

Paralelo entre investimento imobiliário e déficit de moradias

Para o professor de Planejamento Urbano na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Otavio Martins Peres, os dados revelam um crescimento em investimentos imobiliários em desconexão com a realidade social dos municípios. Isso porque enquanto nos últimos 12 anos o número de imóveis aumentou 28% em Pelotas, o déficit habitacional também continua crescendo. “Empreendimentos que não cumprem a função social da propriedade, um princípio constitucional e base do Estatuto da Cidade”.

O professor aponta que há um desenvolvimento considerável da área urbana de Pelotas acima do crescimento de moradores. Entre 1985 e 2020, houve um aumento de 2,4 vezes de área superior ao incremento populacional. “Nós podemos considerar que há uma densificação construída. Nós estamos expandindo a cidade 2,4 vezes do que a demanda populacional”.

A expansão da construção de novos imóveis e o aumento de moradias vazias para Peres é causado pela atração de investimentos imobiliários, já que são negócios rentáveis, seguros e rentáveis a longo prazo. No entanto, parte da população que necessita de uma moradia não tem condições financeiras ou de acesso a essas novas casas disponíveis. “As pessoas demandam lugares para morar. É um paradoxo em que o número de domicílios ociosos está aumentando e o déficit, além de persistente, também deve estar aumentando”.

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