Cenários de insegurança no trânsito pelotense
Edição 19 de julho de 2024 Edição impressa

Sexta-Feira20 de Setembro de 2024

Mobilidade

Cenários de insegurança no trânsito pelotense

Cidade tem semáforos de pedestre desligados, ruas estreitas e cruzamentos perigosos na região central

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Cenários de insegurança no trânsito pelotense
Especialista em mobilidade alerta que concentrar investimento no fluxo de veículos individuais é "insustentável" (Foto: Jô Folha)

Desde o incidente do caminhão que arrancou os fios de luz na Avenida Bento Gonçalves, há 20 dias, a principal via de Pelotas está com os semáforos de pedestre apagados.

A falta da sinalização nos cruzamentos, que orientam a travessia pela faixa de segurança, gera insegurança aos pedestres em uma rua de três faixas em que veículos trafegam em alta velocidade.

De acordo com o secretário de Transportes e Trânsito, Flávio Al-Alam, algumas sinaleiras sem funcionar foram danificadas ou tiveram os cabos furtados. O secretário diz que em breve serão consertadas, sem mencionar qualquer data. A demora, segundo ele, deve-se à alta demanda da pasta.

Perigos no trânsito

As sinaleiras desligadas é mais um entre vários episódios que causam situações de perigo a pedestres, ciclistas e até mesmo aos motoristas em seus carros.

A rua Félix da Cunha, onde rotineiramente registram-se acidentes em cruzamentos, a ciclofaixa – da Senador Mendonça até a Gomes Carneiro – não tem semáforos aos ciclistas que trafegam no sentido contrário ao dos carros na via.

A prefeitura afirma que está “em estudos de cruzamentos que necessitem uma sinalização especial, inclusive para ciclistas”.

Sendo uma rua de fluxo intenso de veículos – muitos trafegam em alta velocidade – os cruzamentos são perigosos devido à baixa visibilidade de quem passa pelas ruas não-preferenciais.

Controle de velocidade

Pelotas tem em seu tecido urbano uma construção “tradicional” afirma o professor da Faculdade de Urbanismo (Faurb) da UFPel, Otávio Martins Peres.

Segundo ele, o cenário ideal na cidade seria a redução e o controle da velocidade dos carros a 30 km/h, que “é um conceito existente em cidades que se dedicam sobre este tema”.

“Não faria diferença à mobilidade dos veículos, que aceleram em algum trecho para ficar parado ou desacelerar em alguma rótula, congestionamento ou sinaleira”, argumenta Peres.

“Vivemos um paradoxo: asfaltam-se as vias para depois ter que colocar mais sinaleiras, quebra-molas, rótulas e lombadas para conter essa paranoia incessante de buscar eficiência na mobilidade dos carros”, opina o professor.

As medidas adotadas pelo poder público referem-se ao aumento da sinalização sobre a proibição de estacionamento nestes cruzamentos, segundo Al-Alam. “Essa prática é facilmente perceptível percorrendo várias vias centrais, com reflexos na redução desse tipo de acidente”, afirma.

Sistema insustentável

Concentrar investimentos com o pensamento exclusivamente no fluxo dos carros cria um sistema insustentável, afirma o professor. Atualmente, cerca de 20% das viagens são feitas em veículos individuais.

Na contramão, pondera, o município contrai empréstimos e centraliza investimentos na pavimentação das ruas para os carros, enquanto as calçadas são esburacadas no centro ou não-pavimentadas nos bairros.

Para pedestres

“Todos os semáforos colocados nos últimos 12 anos contam com sinalização para pedestres, prática adotada desde o início, e com temporizador”, diz o secretário de Trânsito.

“Qualquer cruzamento que seja colocado um novo semáforo sempre terá para pedestres, à exceção de locais onde não tenha tráfego de pedestres e não seja necessário”, conclui Al-Alam.

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