Um ano depois, quatro meses depois
Edição 19 de julho de 2024 Edição impressa

Sexta-Feira20 de Setembro de 2024

Editorial

Um ano depois, quatro meses depois

Um ano depois, quatro meses depois
Enchente de maio deixou estragos na região. (Foto: Jô Folha)

Setembro marca um ano da primeira grande enchente dessa sequência que o Rio Grande do Sul sofreu. Parte do Vale do Taquari foi destruído em um contexto surreal e poucas vezes antes visto. A situação gerou impacto na Zona Sul e a Z-3, Pontal da Barra e Doquinhas foram afetados. Aquilo, no fim das contas, foi apenas uma prévia do que viveríamos em maio, em ainda maior dimensão. E, infelizmente, pouco aprendemos.

Até agora, nenhuma casa definitiva foi entregue nas cidades destruídas pela força da água lá em setembro, mesmo com tantas promessas. Aqui, mais ao Sul, nada foi feito para prevenir uma nova cheia e, com isso, comunidades inteiras perderam tudo duas vezes em um período curtíssimo de espaço. Agora, quatro meses depois da última cheia, a reconstrução enfim começa, mas tudo à mercê de uma nova chuva, um novo extremo, que possa levar mais uma vez suas casas embora.

O excesso de burocracia para o Auxílio Reconstrução, com mais de dois mil pelotenses ainda aguardando, é a tônica da diferença entre promessa e ação por parte do poder público em tudo isso. Se no impulso de maio falavam até em abrir um talho no estreito da Lagoa dos Patos para facilitar o escoamento, agora nada prático é falado a nível estadual e federal para a Zona Sul. A prefeitura pretende reforçar o dique do Laranjal com o empréstimo de R$ 60 milhões aprovado pela câmara de vereadores. Ou seja, um movimento apenas local.

A iniciativa privada se movimentou significativamente, seja através de entidades ou de indivíduos voluntários. As cidades estão correndo para se estruturar. Mas falta ainda uma reconstrução significativa ampla, que venha dos níveis estadual e federal de gestão, e com menos burocracia.

A Zona Sul, acima de tudo, deu sorte de não ter visto nas duas cheias o cenário que se viu em Porto Alegre e no Vale, mas não pode ficar dependendo sempre de fatores subjetivos como nível do mar, direção do vento e fluxo do São Gonçalo. É preciso colocar a ciência nacional a trabalhar para que essa destruição fique apenas na memória e nunca mais na prática.

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