Com contratos de prospecção assinados, 26 blocos da Bacia de Pelotas, localizados na região Sul do Estado, foram concedidos para a exploração de gás e petróleo pela Petrobras em parceria com a empresa petrolífera Shell. A aquisição realizada no 4º Ciclo de Licitações e Oferta Permanente da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), é um marco do retorno das atividades exploratórias na área que há décadas já foi alvo de anúncios de interesse para a pesquisa de poços de combustíveis fósseis, mas sem nenhum avanço.
Com aproximadamente 40,9 mil quilômetros quadrados de área, a bacia de Pelotas abrange a costa de Santa Catarina, Rio Grande do Sul e parte do Uruguai. No entanto, somente blocos do RS foram adquiridos no 4º Ciclo de Ofertas da ANP. Em levantamento realizado pela Agência foram constatados indícios de gás com composição similar aos de sistemas petrolíferos comerciais de outras bacias brasileiras, como a Bacia de Santos, principalmente na região do Cone do Rio Grande.
Mesmo assim, o professor da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), especialista em Geologia do Petróleo, Giovani Cioccari, destaca que a retomada das pesquisas para o entendimento exploratório não significa que as empresas de petróleo tenham certeza que há petróleo na Bacia. Mas que a concessão foi adquirida para estudos que indicam onde há possibilidade de existir reservatórios com potencial de armazenamento de óleo e/ou gás.
Se essas áreas forem encontradas, poços poderão ser perfurados para a prospecção dos combustíveis. “Podendo-se encontrar hidrocarbonetos ou não”. De acordo com o professor, as concessões de exploração normalmente duram entre quatro e cinco anos. Em caso positivo, a empresa notifica a ANP e passa para outro estágio de concessão.
Os impactos da exploração
Para Cioccari, do ponto de vista econômico, a descoberta de hidrocarbonetos – moléculas presentes em combustíveis fósseis -, deverá provocar um intenso fluxo de investimentos, com crescimento e desenvolvimento regional. Tudo isso, especialmente em logística, construção civil, em portos e aeroportos, projetos de pesquisa em Universidades próximas, aumento de renda e vagas de emprego.
Alvo
O alvo da exploração da Petrobras e da Shell deverá se concentrar na região da foz da Lagoa dos Patos, aponta o professor. “Região com grande acúmulo sedimentar que apresenta estruturas geológicas que possibilitam o armazenamento de hidrocarbonetos.”
O formato de exploração
O consórcio de prospecção da Bacia terá a Petrobras como operadora, com participação de 70%, e a Shell com uma participação de 30%. Entre as décadas de 1950 e 1997, vários poços de exploração foram perfurados na área, no entanto, nenhum indício sólido de combustíveis havia sido encontrado.
