A busca pelo irmão desaparecido no Rio de Janeiro levou uma moradora de Pelotas até a Delegacia de Polícia Regional, na rua barros Cassal, em Pelotas, na manhã de sexta-feira (30), onde ela deixou seu material biológico com os agentes do Instituto Geral de Perícias (IGP), mobilizado na Campanha Nacional de Coleta de DNA em todo país desde o dia 26. O nome não foi revelado, pois todos os registros são mantidos em sigilo. Nos últimos dois anos, a Delegacia de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) trabalha em 12 casos que podem resultar em coleta.
Quem buscou atendimento no posto montado para a campanha respondeu a um questionário e deixou seu DNA através da saliva e o procedimento que faz parte da primeira etapa da ação. “Se uma coleta apresentar combinação e ajudar uma família, vamos estar com nosso papel cumprido para a sociedade”, disse o coordenador do IGP em Pelotas, perito criminal Rafael das Neves Benites.
Para o perito, a maioria das pessoas com desaparecidos na família não tem interesse em buscar em função de haver envolvimento com drogas, o que pode responder à pequena movimentação no posto de coleta. Para outras e até mesmo para o Estado, é preciso encerrar um ciclo de busca encontrando a pessoa viva ou morta. Por isso, o atendimento segue diário na sede do IGP, na avenida Fernando Osório, 300, sempre no turno da manhã.
“O material genético, depois de colhido, é enviado juntamente com os dados, o questionário e a permissão da pessoa para o laboratório em Porto Alegre. O resultado é inserido no banco genético, que no nosso caso, é referência no país, e pode ser feito cruzamento com outras regiões do Brasil”, esclareceu Benites.
Resultados obtidos
A Campanha Nacional de Coleta de DNA de Familiares de Pessoas Desaparecidas é uma iniciativa do Ministério da Justiça e Segurança Pública, em parceria com a Polícia Civil (PC/RS) e o Instituto-Geral de Perícias (IGP/RS).
A iniciativa ocorre em alusão ao Dia Internacional da Pessoa Desaparecida, marcado em 30 de agosto. Na primeira edição, em 2021, o mutirão realizado no RS resultou na coleta de material genético de 190 familiares, o que permitiu a identificação de 14 indivíduos.
Parte dois
Na segunda etapa, o foco estará no recolhimento de impressões digitais e de material genético de pessoas vivas com identidade desconhecida. Por fim, será coordenada a pesquisa de impressões digitais de corpos não identificados armazenadas em cada unidade federativa.
Nessa etapa, conhecida como análise do passivo (backlog), os dados são comparados com os registros existentes nos bancos de biometrias. Essas informações farão parte da Rede Integrada de Bancos de Perfis Genéticos (RIBPG) – alimentado pelas secretarias estaduais de segurança em parceria com a Polícia Federal.