Auto exílio de Assis Brasil causou desconfiança entre os republicanos

Memórias

Auto exílio de Assis Brasil causou desconfiança entre os republicanos

Há cem anos, um dos líderes oposicionistas deixou o Rio Grande do Sul em direção ao Uruguai

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Auto exílio de Assis Brasil causou desconfiança entre os republicanos

Órgão oficial do Partido Republicano Rio-Grandense (PRR), o jornal Diário Popular publicava em 17 de agosto de 1924 o artigo intitulado Um antagonismo escandaloso. “Encontram-se ainda a esta hora, no Uruguai, gozando das delícias de sua triste fama de cabeças de motim e de perturbadores da ordem e da tranquilidade da sua pátria, os senhores Assis Brasil, Zeca Neto e Fanfa Ribas”, afirmou o texto.

Na época Joaquim Francisco de Assis Brasil havia se auto exilado em Melo no Uruguai, alguns dias após a eclosão da revolta tenentista de 5 de julho de 1924 em São Paulo. Que ocorreu sete meses depois de assinado o tratado de Paz de Pedras Altas, em 14 de Dezembro de 1923, acabando com a Revolução que marcou aquele ano.

No texto o jornal reproduzia uma fofoca que se ouvia pela cidade a qual dizia que o encontro era uma “grande reunião política” e que dela resultaria o apoio ao levante em São Paulo. “Se essa reunião é um mero boato ou se, com efeito, foi projetada e vai ter execução – pouco nos interessa. Para nós… há muito tempo o senhor Assis e Zeca Neto estão ao lado dos inimigos do regime; há muito tempo que o senhor Fanfa pôs ao serviço da demolição e da anarquia.”

Pouco antes de sair do país, o estadista formalizou, como presidente, a criação da Aliança Libertadora, no Teatro Coliseu em São Gabriel. “Integrada ao mesmo tempo por presidencialistas e parlamentaristas, a Aliança Libertadora tinha como objetivo principal a luta pela liberdade política, baseada no princípio representativo, e o combate à situação dominante no Rio Grande do Sul através das eleições de níveis municipal, estadual e federal”, conforme o verbete Assis Brasil, do Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil da Fundação Getúlio Vargas.

Do Uruguai para a Argentina

No Uruguai, Assis Brasil arrenda um campo em Melo, onde passa a viver em uma casa muito diferente do seu imponente castelo em Pedras Altas. Mesmo de longe, o político era considerado o “chefe civil” dos tenentes sublevados em São Paulo. O título foi de fato aceito por Assis Brasil em dezembro daquele ano, após muitas tratativas e alianças que culminaram com outra civil militar, desta vez em outubro de 1924 em Santo Ângelo, São Luís, São Borja, Uruguaiana e Alegrete. Porém, mesmo no comando de outro levante, o pecuarista permaneceu no Uruguai.

O movimento foi novamente sufocado por Borges de Medeiros em janeiro de 1925, ano no qual Assis Brasil transferiu seu exílio para a Argentina. O retorno ao Brasil aconteceu no início de 1927, quando o Rio Grande do Sul se preparava para as eleições federais. O político foi eleito para a bancada federal gaúcha, na legislatura 1927- 1929.

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